terça-feira, 11 de outubro de 2016

O CRISÂNTEMO COMO EXEMPLO DA IMPORTÂNCIA DO FOTOPERÍODO EM ALGUMAS PLANTAS

Cada planta tem na Natureza o seu lugar, o seu tempo e as suas fases. Rodeada de parceiros e ameaças a planta vai-se colocando naturalmente onde as condições lhe são favoráveis. Factores como a temperatura, humidade, pluviosidade e até o solo nos parecem de uma evidência clara. Mas existem outros factores que, para algumas plantas são extremamente importantes e assim definem o seu lugar no mundo de uma forma espácio-temporal precisa. Refiro-me a um factor inerente à planta e para o exemplificar vou falar de uma cultura muito praticada no nosso Pais, tanto profissional, como pontual ou amadoramente, o Crisântemo.

CRÓNICA DE JOÃO PAULO PACHECO
Vou tentar explicar isto de uma forma simples, mas que espero explique a verdadeira importância das necessidades de fotoperíodo para esta cultura.

O Crisântemo é uma planta do género Chrysanthemum, cultivada no nosso Pais há séculos, desde sempre conhecida pela flor dos Fiéis (alusão ao 1º de Novembro religioso), existindo hoje uma miscelânea enorme de plantas tradicionalmente regionais, com outras que foram introduzidas de variedades comerciais, mas existindo já uma grande adaptabilidade regional de imensas variedades diferentes, que são cultivadas de uma forma simples e empírica já que se trata de uma planta perene, que rebenta no início da Primavera de uma forma natural no nosso País. Além disso, é facílima de multiplicar através de estacaria simples de inverno, em “camas quentes”. E mesmo o mais amador dos agricultores, chega ao dia 1 de Novembro e tem sempre umas flores para levar ao cemitério, a planta tratou de acertar o relógio…o timing do agricultor só poderá ajudar a definir se produziu muito ou pouco, porque a data, a planta acerta. Na base disto está o fotoperíodo.

O que realmente se passa é que a haste em crescimento tem uma “percepção” das horas de luz diárias a que é sujeita. A partir do solstício de Dezembro a duração do dia começa a aumentar, atingindo as 12 horas de luz diárias a 21 de Março (equinócio). A duração do dia continua a crescer (até ao solstício de Verão, em finais de Junho). Em finais de Maio dá-se o “1ºclick” na planta, quando os dias passam a ter mais de 13 horas de luz; quando se chega ao solstício de Verão atinge-se, a 21 de Junho, o dia mais longo, e os dias começam a diminui: é o “2ºclick”, ou seja, dá-se a “Indução floral” e a planta começa a “trabalhar” uma flor que surgirá, naturalmente, em finais de Outubro.



(Fotos de finais de Outubro de 2004, Aguçadoura, Póvoa de Varzim)


Estes dois “clicks”, muito onerosos de criar artificialmente se quisermos produzir crisântemos o ano todo, tornaram aos meus olhos o Crisântemo um bom exemplo da importância que o fotoperíodo tem para algumas culturas e o porquê de as plantas terem zonas do planeta e épocas próprias para prosseguirem naturalmente os seus desígnios e distribuição.

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