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| JOANA M. SOARES |
Nunca pensei, nesta vida, ver Portugal ganhar um concurso como o da Eurovisão.
Lembro-me na minha infância ver o festival e achar distante o primeiro lugar. Lembro que a Espanha nunca votava em nós, que os nórdicos tinham coreografias tão organizadas quanto os pontos e que todos cantavam de cor e salteado na escola as músicas portuguesas participantes.
Esta vitória é muito do Salvador. É nossa, claro. Nas redes sociais festejamos com orgulho. Somos os maiores! Mas, nestas mesmas redes sociais, li muito lixo logo que o tema ‘Amar pelos dois’ foi a canção vencedora para representar Portugal em Kiev.
Trataram o rapaz com desdém, porque vestiu mal, porque tinha mau aspeto, porque tinha tiques. Um rol de críticas ao estilo português que nunca está bem com nada. Que julga a forma sem olhar ao conteúdo.
Também pela primeira vez senti que Portugal levou música a sério ao festival. Interessou-se e (re)acendeu o gosto pelo festival dos mais novos e dos mais velhos.
O Salvador fez aquilo que mais gosta de fazer e foi fiel a ele mesmo. E quando as pessoas são genuínas assim, arriscam-se a ganhar. Obrigada Salvador por nos teres feito subir ao palco e brilhar para a Europa. E já podes pesquisar o teu nome no Google, porque logo no início da página lerás: Salvador Sobral vence Festival Eurovisão da Canção.
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