GABRIELA CARVALHO |
Em várias crónicas tenho abordado o EA com algumas especificidades.
Na crónica de hoje a especificidade será sobre a importância do idoso se SENTIR SEGURO para um bom envelhecimento activo.
“Sentir-se seguro” é uma necessidade fundamental sendo um direito proclamado pela Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Nos dias actuais, esta sensação de segurança é facilmente amedrontada pelos acontecimentos, também exacerbados pelas notícias.
No entanto, o tema que se pretende nesta crónica não é propriamente a (in)segurança noticiada, mas a insegurança associada às alterações biopsicossociais inerentes ao processo de envelhecimento e que aumentam a vulnerabilidade do idoso aos acidentes, nomeadamente domésticos.
Se por uma lado, o sentimento de insegurança tem repercussões na qualidade de vida do idoso, também é verdade que é sempre possível alcançar maiores níveis de segurança, quer pela redução dos riscos associados aos determinantes pessoais (ver crónica do dia 06.01.2017 sobre o Envelhecimento Activo), como por exemplo, o risco de queda; quer pela redução dos riscos associados ao ambiente físico (por exemplo: barreiras arquitectónicas).
Importa portanto, existir a consciencialização de que a segurança apresenta reflexos directos na participação activa do idoso no seu domicílio, mas também na sua vivência social, isto é, «na vivência cívica e de cidadania activa» e também nos relacionamentos interpessoais e na procura de estilos de vida saudável.
Por exemplo, nos espaços exteriores, se o idoso não se sentir seguro, vai evitar as saídas do domicílio (apesar de que volto a alertar que o próprio domicílio apresenta riscos à segurança, por exemplo, pelo risco de quedas em tapetes/móveis; intoxicações por trocas de substâncias/medicamentos; pouca luminosidade; falta de barras de apoio; …). Por isso, deve existir a preocupação da pessoa idosa se sentir segura na rua, para que mantenha a vontade de se envolver na sua comunidade local.
Cabe à sociedade, criar oportunidades e eliminar barreiras, permitindo a igualdade de acesso, tal como preconiza a Organização Mundial de Saúde ao criar em 2005 o projecto “Cidades Amigas das Pessoais Idosas” (tema que será abordado na próxima crónica).
“Mais do que acrescentar anos à vida, a Terapia Ocupacional proporciona vida aos anos.”
Referências Bibliográficas:
- Organização Mundial de Saúde (2005). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde.
- Ribeiro, O., C. Paúl (2011). Manual de Envelhecimento Activo. Lisboa, Lidel - edições técnicas, lda.
- Torres, M. & Marques, E. (2008). Envelhecimento activo: um olhar multidimensional sobre a promoção da saúde. Estudo de caso em Viana do Castelo. Lisboa: VI Congresso Português de Sociologia.
- Vasconcelos, K. R. B. d., Lima, N. A. d., & Costa, K. S. (2007). O envelhecimento ativo na visão de participantes de um grupo de terceira idade. Fragmentos de cultura, 17, 439-453.
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