CARLA SOUSA |
QUANDO ELES E ELAS FOGEM….
Nós, mulheres, recebemos da sociedade o ditado: “uma mulher com muitos homens é feio”, já aos homens era-lhes dito: “aproveita a vida e não te prendas”, “quantas mais melhor”.
Às mulheres dizia-se que deviam ir virgens até ao casamento e aos homens incentivava-se a “aproveitar” antes de casar já que “a boa vida ia acabar”.
Ora, isto é um enorme contrassenso já que se acaba por rotular homens e mulheres e, retirar-lhes a individualidade, poder de escolha, de decisão e a oportunidade de viver livremente a vida afetiva.
Independentemente das diferenças de género, hoje em dia, ouvimos falar cada vez mais de casais que não foram capazes de manter a sua relação porque um deles não estaria preparado para uma “relação séria”, um compromisso.
O nome compromisso, por si só, pode assustar algumas pessoas… Pois pensam que vão ficar “presas a algo ou alguém”, vão ter de pedir autorização para isto ou para aquilo, dar satisfações, perder a liberdade, sentir controlo.
Por um lado, a pessoa ambiciona encontrar a sua “alma gémea”, “a pessoa especial”, para formar a família com que sonhou mas, por outro lado, sente um medo avassalador de perder a independência.
Mas, uma relação com compromisso não é ficar preso, atado, dependente ou perder a autonomia.
Uma relação com compromisso é partilhar, ouvir, comunicar, saber amar e ser a amado. É partilhar deveres, compromissos, decisões. É viver acompanhado, é ser feliz mesmo passando por momentos de angústia, tristeza e discussões. É fazer as pazes, é respeitar mesmo quando se discute, é pedir desculpa, é saber ouvir, é ter e sentir intimidade.
Há quem queira casar, ter filhos e família, ter uma relação estável, mas não esteja preparado para assumir um compromisso e uma relação intima.
Se não houver a capacidade de estar lá para os “dramas”, “as coisas boas”, “as coisas más”, as conversas mais profundas… A relação não é profunda, as pessoas não conseguem sentir-se verdadeiramente felizes.
Hoje em dia vemos cada vez mais pessoas que ficam completamente desconfortáveis quando têm de partilhar isto tudo. E, por isso fogem, ou “fartam-se”, pois não sabem o que é a intimidade e a sua importância numa relação.
A intimidade é extremamente importante. É importante ser capaz de estar “lá” para o outro.
Há quem pense que quem não demonstra medo do compromisso é aquele que é capaz de assumir a relação à família e amigos. Mas engana-se… Pois, ter uma relação de compromisso implica que as pessoas estejam disponíveis para ter uma relação franca, aberta, disponível, de respeito, sem conhecerem antecipadamente os resultados. Trata-se de um investimento na felicidade, no dar-se e mostrar-se ao outro sem medos.
Hoje em dia existem também muitos casais que partilham um casamento, uma união de facto, uma casa, uma família, alguns projetos mas não são felizes. Estão estáveis mas não são íntimos.
Deve-se conseguir encontrar um equilíbrio emocional, ao nível da intimidade, da partilha, de paixão, afeto e amor. Só assim será possível sentir-se feliz, encontrar a sua cara-metade, a pessoa especial.
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