sexta-feira, 26 de maio de 2017

O COMBUSTÍVEL DO SUCESSO ALEMÃO

JOÃO RAMOS
Num artigo de apoio, barry eichengreen criticava abertamente o elevado excedente da balança de pagamento da economia alemã, salientando que o seu governo deveria adotar um orçamento expansionista. Concluindo, defendia que existem vários sectores com necessidades de investimento, como o sistema de ensino, que não possuía uma única faculdade no top 50 das melhores do mundo. Este último dado confere informação relevante em relação ao crescimento económico e sobretudo à potência do seu motor produtivo. Assim sendo, apesar do sistema de ensino profissional constituir a principal mais-valia do sector industrial alemão, não me parece, que seja por si só suficiente para sustentar o principal motor económico europeu. Desta forma, muito do sucesso das indústrias alemãs de alta tecnologia foi alimentado pelos emigrantes altamente qualificados dos países do sul da Europa. Aproveitando-se da qualidade do sistema de ensino e da crise de economias como a Portuguesa, a Alemanha apropria-se de importante recursos humanos, sem contribuir com os custos para a sua formação.

Ao contrário do que muitas das vezes é passado para a opinião pública, o ensino universitário nacional situa-se na vanguarda em várias áreas tecnológicas, contribuindo para a formação de profissionais extremamente competentes, que por falta de oportunidades são obrigados a rumar a outras paragens.

Como é sabido, no seculo XXI, o conhecimento e o capital humano são condições sine qua non para garantir um futuro promissor para a nossa economia e próximas gerações. Desta forma, para além de investir num amplo programa de fixação de jovens formados, o governo deveria propor a criação de um mecanismo europeu de compensação, para os países exportadores líquidos de mão-de-obra qualificada, sobretudo procurando reaver parte dos custos associados à componente educativa.

Sem comentários:

Enviar um comentário