segunda-feira, 8 de maio de 2017

DORME BEM E VIVERÁS MELHOR

M.ª ELISABETE CERQUEIRA
O sono reveste-se de uma importância vital ao longo da nossa existência. Parece-me pertinente, neste tempo de correrias, refletir um pouco acerca do repouso, da necessidade de o fazer e do efeito reparador no nosso organismo, organismo esse que passamos a vida a maltratar.

     Passamos cerca de um terço da nossa vida a dormir,  no entanto, poucos sabem como se processa o sono e os benefícios do dormir bem, a não ser quando dormimos mal e no dia seguinte mal nos conseguimos arrastar. O dormir e o repousar constituem uma necessidade do ser humano, a fim de permitir a recuperação e o funcionamento de todo o organismo que tem necessidade de um período de sono em cada ciclo de 24 horas, rondando este,  sete a oito horas. Quando repousamos, renovamos as forças e o sono produz o bem estar necessário ao corpo e ao espírito, favorece o crescimento celular e a reparação dos tecidos. 

     O sono é muito importante para a manutenção da saúde. A capacidade de conservar a satisfação desta necessidade humana básica varia de indivíduo para individuo, mas sabemos que as alterações do sono se verificam em todas as idades apesar de serem mais comuns nas pessoas idosas.

     Conhecer o ciclo do sono e como se altera, permite tomar medidas que contribuem para um melhor repouso. Sono e repouso andam de mãos dadas, pois só o sono de qualidade proporciona o repouso necessário ao conforto. Existe portanto uma diferença entre repouso e sono, apesar dos dois dependerem de um denominador comum, que é o relaxamento muscular. O repouso caracteriza-se pela ausência de movimento, paragem de um trabalho ou ainda pelo sono, progredindo para este, quando deixa de haver interação total ou parcial com o meio exterior. O sono caracteriza-se pela suspensão temporária da atividade percetivo-sensorial e motora voluntária.

     O sono divide-se em sono lento e sono rápido e passa por quatro estádios que se caracterizam por uma diminuição progressiva da atividade cerebral e que são:

  • Estádio I – dura somente alguns minutos, o sujeito perde pouco a pouco a consciência do ambiente que o rodeia. Os músculos relaxam e tem pensamentos fugidios. Se acordar dirá que esteve a dormitar e não a dormir.
  • Estádio II – o sujeito não tem consciência do ambiente que o rodeia. Os pensamentos podem ser considerados como sonhos fragmentados. É fácil de acordar, ao acordar dirá que estava a sonhar.
  • Estádio III – aparece cerca de 20 minutos após o estádio I. O sujeito é mais difícil de acordar, os músculos estão mais relaxados.
  • Estádio IV – o sono é profundo. Acontece cerca de 40 minutos após o início do estádio I e dura 10 a 20 minutos. O sujeito não se mexe porque está muito relaxado. Reage com muita lentidão, se for acordado.

     Existe também o chamado sono paradoxal ou estádio REM – é um sono lento e entrecortado cada 90 minutos e caracteriza-se por uma atividade cerebral intensa e movimentos oculares rápidos. Os sonhos são próprios do sono paradoxal, que no adulto constitui cerca de um quarto do tempo do sono e na criança à volta de 60 %, pelo que a criança sonha mais que o adulto. No idoso o período dos sonhos é muito importante para o bom funcionamento cerebral, é como se o cérebro se regenerasse no sono paradoxal. A maioria dos sonhos são, a maior parte das vezes esquecidos, raramente nos lembramos o que sonhamos, e sonhamos todas as vezes que dormimos.

     A necessidade especifica do sono e repouso pode ser influenciada por diferentes fatores que são capazes de afetar a sua satisfação, alguns fatores estão ligados ao processo de envelhecimento e que acarreta alterações sensoriais, nomeadamente a atividade física, as doenças, alguns medicamentos, o álcool e estimulantes, outros fatores, que afetam a dimensão psicológica têm a ver com stress e ansiedade, hábitos pessoais, depressão e ainda inquietações e medos. O sono pode ainda sofrer influência nas alterações de rotinas quotidianas, do ambiente envolvente e dos contactos sociais.

     As perturbações do sono deixam marcas, pelo que devemos estar atentos aos sinais dessas perturbações e que podem ser: dificuldade em adormecer; despertar matinal ou tardio não desejado; sono interrompido; queixas relacionadas com a necessidade de repouso; alterações do comportamento e desempenho, tais como o aumento da irritabilidade, agitação, desorientação e letargia.  Existem ainda outros sinais a nível físico e que podem apresentar ligeiro tremor das mãos; pálpebras descaídas; face inexpressiva; olheiras; pronuncia e palavras incorretas e bocejos frequentes

Podemos seguir algumas regras para uma boa higiene do sono:
  • Dormir o tempo suficiente para se sentir fresco e bem disposto no dia seguinte,
  • Acordar a hora fixa, de manhã, a fim de reforçar o ciclo do sono e estabelecer horas regulares para o adormecer,
  • Fazer regularmente exercício, para promoção da qualidade do sono,
  • Insonorizar o quarto,
  • Manter o quarto a uma temperatura adequada, nem muito quente, nem muito frio,
  • Tomar uma pequena refeição, antes de se deitar, a fim de prevenir dores de estômago,
  • Evitar cafeína depois das 18h,
  • Evitar álcool, embora favoreça um relaxamento rápido, pode fragmentar o sono,
  • Levantar-se quando o sono tardar e ocupar-se, a fim de prevenir a ansiedade. 

Quero deixar uma nota importante: Só tomar medicamentos para dormir, quando mais nada resultar, pois o uso prolongado de soníferos acentua a insónia. 

Relativamente ao idoso, devemos ter presente que a noite traz consigo a inatividade, a obscuridade, a solidão e o silêncio, o que evoca, de certa forma, mais ou menos consciente a morte levando a que certos medos se revelem, sentimentos por vezes de angústia, sobretudo nos mais idosos. A insónia torna-se então a arma para lutar contra o medo de morrer ou de estar só.

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