sábado, 20 de maio de 2017

A PEDRA É COMO A EDUCAÇÃO

ANTÓNIO FERNANDES
A pedra é como a educação. Também se trabalha.

Há por aí uma nova forma de esculpir a "pedra" em que parte da massa cerebral se transformou independentemente da escolaridade, idade, ascendência social, exercício profissional, ou outro.

O meu avô, mestre pedreiro, de nome Manuel Fernandes, já falecido, que esculpiu parte da estatuária existente no Bom Jesus do Monte, cedo se habituou a lavrar com cinzel pedaços de granito com a dimensão ajustada ao artefacto pretendido.

Outros tempos. Tempos em que a educação ministrada pelo regime só estava ao alcance de alguns, por isso, a liberdade e criatividade do pensamento intelectual era autodidata.

Com os novos tempos, a formatação do intelecto progrediu no sentido do conhecimento, mas regrediu naquilo que são os valores Humanos.

Importa por isso fazer ato de contrição e perceber o que se passou no ensino nas ultimas quatro décadas. Porque os exemplos com que nos defrontamos são maus de mais para que se conclua com ligeireza única e exclusivamente responsabilidade politica sabendo nós que os políticos que temos são um produto resultado.

A classe docente que emergiu de um processo com necessidades especificas ao tempo não se preocupou o suficiente com a excelência que a sua responsabilidade inerente obrigava e, quatro décadas depois, os resultados estão aí: - Falta de autoestima; - Falta de referencias; - Falta de confiança; - Falta de iniciativa; - Falta de vontade; - Falta de soluções; - Falta de capacidade de autocritica; - Falta de capacidade em assumir os erros cometidos;

Num vasto leque de limitação autónoma conhecida. Formou-se um "exército" de técnicos servis em qualquer parte do globo. O que não se foi capaz de formar foi uma geração de Homens genuínos preparados para enfrentar, corrigir e resolver vicissitudes surgidas com a alteração de hábitos, usos e costumes, em função da nova realidade implícita à exploração e transformação dos bens essenciais à vida.

A realidade é outra. As necessidades são outras. A organização social é outra. Esta perceção por parte do poder oculto afeto à direita mais conservadora faz com que se mova em defesa do ensino privado. E no retrocesso do sistema educativo publico porque o seu controlo é impossível. Depende sempre da competência, conhecimento e capacidade dos seus profissionais. Não se trata de quem financia. Do que se trata é de que o que pretendem é travar o acesso ao conhecimento porque a cultura já a condicionaram financeira e socialmente há séculos!

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