sábado, 13 de maio de 2017

PS-PORTO “O PARTIDO DOS PORTUENSES"

TIAGO CORAIS
Antes de começar o artigo gostaria de fazer um preâmbulo sobre a minha filiação partidária, o que penso dos partidos, qual a minha opinião sobre os movimentos de independentes ou mesmo sobre o que é um independente, de forma a que quem leia este artigo possa formar a sua opinião de “mente aberta”. 

Sou com muito orgulho um militante do Partido há 22 anos, nunca senti qualquer receio em dar a minha opinião mesmo que seja contrária à maioria e sempre me senti um “livre pensador”. Ser militante de um partido e muito bem, tem algumas responsabilidades e obrigações. Não podemos apoiar ou promover outros partidos ou candidaturas que concorram com as do nosso partido, a nossa intervenção não deve por causa o colectivo, mas podemos publicamente ter opiniões contrárias, criticando posições oficiais ou ideias políticas. Sinto por isso, que o nosso grau de liberdade ou mesmo independência num partido é muito ampla. 

O maior problema que sinto é da sociedade em geral, que tem um grande preconceito por quem livremente decidiu lutar pelos seus ideias, contribuindo para a construção de uma sociedade melhor e mais progressista. Existe hoje, na generalidade a ideia preconcebida que quem decidir lutar pelos seus ideias dentro de uma estrutura partidária é um “malfeitor” ou que apenas está à procura de um “tacho”. A verdade é que a maioria das pessoas que participa nos partidos está pelo espírito de missão. Na minha opinião muita mais gente qualificada não se junta aos partidos, porque percebe que essa participação não é valorizada pela sociedade e este é um ponto que TODOS JUNTOS TEMOS QUE MUDAR.

Sobre os movimentos de independentes se poderem candidatar, sempre fui um grande defensor, pois entendo que numa democracia a concorrência será benéfica e permitirá que Cidadãos que não se sentem confortáveis em participar nos partidos, possam dar o seu contributo mais efectivo à Polis. No entanto, continuo a achar que os partidos terão sempre vantagem sobre estes movimentos designados de independentes, pois à partida o que se espera dos partidos é que em primeiro lugar as pessoas com maior vocação para a participação política estejam nos partidos, por outro lados espera-se também que sejam organizações que desenvolvam de forma sistemática novas políticas, que as validem e que as partilhem com os seus membros, de forma a que sejam implementadas em grande escala. Por isso, acredito que mais concorrência na democracia contribuirá para que os partidos se transformem e façam aquilo que se espera deles, ou seja, que se abram à sociedade, que promovam os seus valores, que introduzam processos transparentes nas escolha dos seus candidatos, que acumulem conhecimento e dessa forma os seus símbolos aos olhos dos Cidadãos signifiquem um “SELO DE GARANTIA” QUE OS DIFERENCIARÁ.

Depois desta introdução, irei dar a minha opinião sobre o PS-Porto e a ruptura com o movimento liderado pelo Rui Moreira. Nas últimas eleições autárquicas quer o Porto, quer Matosinhos (que não irei abordar neste artigo) apesar de serem dois exemplos distintos, foram um facto novo em Portugal e de certa maneira deram uma lição com a vitória dos movimentos independentes. Na altura escrevi um artigo que explorava as virtudes destes acontecimentos.

No entanto, no meu entender o PS-Porto também demonstrou uma grande maturidade política ao ter aceite os pelouro e desta forma dar estabilidade ao executivo camarário portuense, em vez de ficar na oposição. Acho que apesar de algumas críticas internas, o PS-Porto fez aquilo que muita gente pede que partidos façam, que ponham os interesses dos cidadãos acima dos interesses partidários. Também entendo que seria coerente, o PS-Porto apoiar e integrar o movimento liderado pelo Rui Moreira, não para ir a reboque ou por medo de ir a eleições, como muita gente injustamente afirmou, mas pelo Porto. Seria legítimo que os Portuenses fizessem a avaliação do trabalho feito em conjunto, apesar de cada uma das partes estar no seu direito de escolher de forma diferente e irem separados como vão de facto. Em todo este processo acho que o Partido Socialista do Porto esteve de forma genuína, não negociando nenhum lugar, mas confiando que iria haver reciprocidade na avaliação do movimento independente de que seria uma mais valia para a cidade do Porto o apoio do Partido Socialista. Concordo com Manuel Pizarro que afirma que não se sente diminuído por fazer parte de um partido, que a postura do PS-Porto foi irrepreensível, que o movimento independente se institucionalizou tornando-se sectário e até preconceituoso quanto aos partidos. Demonstrativo deste preconceito foram na entrevista que Rui Moreira deu à SIC ao fazer questão em afirmar a lealdade do Vereador Manuel Pizarro, mas não aceitando que essa lealdade significasse a lealdade do próprio Partido Socialista. A incoerência desta entrevista foi mais longe ao afirmar que Pizarro por ser militante de um partido não poderia ir a número 2. Sei que Moreira não tem consciência, mas se alguém discutiu lugares na praça pública foi ele próprio nesta entrevista, não sendo leal com o próprio colega do seu executivo camarário e infelizmente IMPOSSIBILITANDO QUE O PORTO MAIS UMA VEZ FIZESSE HISTÓRIA E CRIASSE UMA NOVA DINÂMICA NA NOSSA DEMOCRACIA.

Concluindo, acho que estas eleições autárquicas vão ser muito ricas pela elevação no debate, quer pelo movimento liderado pelo Rui Moreira, quer pelo projecto do Partido Socialista liderado por Manuel Pizarro e estou certo que o PS-PORTO já ganhou, pois aos olhos dos Portuenses o PS-PORTO SERÁ “O PARTIDO DOS PORTUENSES”.

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