CRÓNICA DE ANTÓNIO REIS PÃO TRANSMONTANO |
Há documentos que nos levam até à idade Média e provam que todo o Vale da Vilariça, terras de aluvião (um depósito de sedimentos clásticos formado por sistema fluvial nas margens da drenagem, incluindo as planícies de inundação e as áreas deltaicas, com material mais fino extravasado dos canais nas cheias…). O Vale da Vilariça era totalmente plantado e arborizado por plantações de cânhamo, que no estado adulto eram colhidas e transformadas em cabos para as Naus que partiam nos descobrimentos. Hoje mesmo, há uma empresa espanhola que pretende instalar no Vale da Vilariça uma plantação de canabis para transformação medicinal, igual à actividade que já exerce em Espanha. Mas, a legislação portuguesa ainda não prevê a cultura desta espécie herbívora, o que prejudica a economia nacional, em especial de regiões que se encontram desertificadas.
A montante do Vale da Vilariça, bem no centro da aldeia da Junqueira, concelho de Torre de Moncorvo, encontramos o restaurante “cruzeiro”, nome que se praz com a edificação de um cruzeiro mesmo em frente ao estabelecimento. O espaço é acolhedor com capacidade para acolher cerca de cem pessoas sentadas, contando ainda com o amplo espaço do bar.
Por estas bandas, e como não poderia deixar de ser devido à pastorícia intensiva de várias raças animal, encontramos pratos de cordeiro, cabrito e a suculenta picanha, entre outros pratos que fazem parte da gastronomia do Vale da Vilariça e da região de Trás-os-Montes.
No restaurante “cruzeiro” fomos brindados com uma salada de tomate como entrada, produzidos e colhidos nestas terras, temperados com algum sal e um fio de azeite; produto este também de excelência produzido neste vale e nas encostas do concelho de Torre de Moncorvo. Algum tempo, não muito, chegaram umas tenras costeletas de cabrito, que foram “depenas” em poucos minutos. À espreita já estava a simpática e veterana empregada de mesa, para assim que acabássemos de degustar as costelas de cabrito fossemos novamente brindados com umas, também, deliciosas tiras de picanha, acompanhadas por batata e arroz. Um manjar para pessoas que não tenham o tempo limitado. Depois de saciados, quanto às delícias saídas da cozinha, chegou a vez de escolhermos a sobremesa: optamos por bolo de amêndoa e tarte do mesmo fruto. Mais um produto produzido e colhido por todo o concelho de Torre de Moncorvo; sendo mesmo uma mais-valia da terra e único local onde existem amêndoas cobertas com açúcar de forma artesanal. Devemos acrescentar que são muitos os operários que por ali laboram a terra nas várias actividades agrícolas e procuram o restaurante “cruzeiro” para fazer a sua refeição.
Quanto ao vinho, como muito acontece na região do Douro, a escolha esteve a cargo do proprietário do restaurante “cruzeiro” que nos presenteou com um néctar da sua colheita, ali mesmo nas terras de aluvião do Vale de Vilariça.
Os preços das refeições no restaurante “cruzeiro” varia em conformidade com a ementa e a oferta variada que vem da cozinha. O prato do dia ficasse pelos €6, enquanto uma ementa como a que nos foi servida poderá rondar os €15 por pessoa.
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