quarta-feira, 5 de outubro de 2016

ENTENDER A HOMOFOBIA

«Homofobia significa aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceitos que algumas pessoas nutrem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais.»

MÁRCIA PINTO
Podemos entender a homofobia, assim como as outras formas de preconceito, como a atitude de colocar a outra pessoa, no caso, o homossexual, na condição de inferioridade, de anormalidade, baseada no domínio da lógica da normalidade, ou seja, da heterossexualidade como padrão, norma. A homofobia é a expressão do que podemos chamar de hierarquização das sexualidades. Contudo, deve-se compreender a legitimidade da forma homossexual como expressão da sexualidade humana.

Deste modo, podemos entender a complexidade do fenômeno da homofobia que compreende desde as conhecidas “piadas” para ridicularizar até às ações como violência e assassínio. A homofobia implica ainda uma visão patológica da homossexualidade, submetida a olhares clínicos, terapias e tentativas de “cura”.

A questão não se resume aos indivíduos homossexuais, ou seja, a homofobia compreende também questões que evolvem toda a sociedade, como a luta pelos seus direitos. Muitos comportamentos homofóbicos surgem precisamente do medo da igualdade de direitos entre homo e heterossexuais, uma vez que isso significa, de certa maneira, o desaparecimento da hierarquia sexual pré-estabelecida pela sociedade em geral.

Muitas vezes aqueles que guardam estes sentimentos não definiram completamente a sua identidade sexual, gerando dúvidas e revolta, que são transferidas para aqueles que já definiram suas preferências sexuais.

Em muitos casos, a homofobia parte do próprio homossexual, porque ele estando num processo de negação da sua sexualidade, chega muitas vezes até a casar e constituir uma família, vivendo uma vida que não é a sua.

Neste sentido, a sociedade portuguesa tem vindo a reduzir progressivamente a discriminação com base na orientação sexual, tanto ao nível social, como político e legal, tendo, sobretudo entre as camadas mais jovens da população, a homossexualidade vindo a ser considerada como mais uma variante aceite da sexualidade humana, da esfera íntima e pessoal de cada um, e em grande parte livre de conotações de índole moral.

Deste modo, em 2010 a Assembleia da República, legalizou o casamento entre pessoas no mesmo sexo, tornando assim o país, o sexto na Europa e o oitavo no Mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

No entanto, só 5 anos depois, em 2015, a Assembleia da República, legalizou a adoção plena a casais do mesmo sexo, passando assim a ser 24.º país do mundo a permitir que estes casais possam adotar e constituir uma família normal numa sociedade heterogênea. Até então apenas era permitida a co adoção.

Apesar das conquistas no que diz respeito dos direitos, a homossexualidade ainda enfrenta muitos preconceitos. O reconhecimento legal da união homo afetiva não foi capaz de acabar com a homofobia, nem protegeu inúmeros homossexuais de serem humilhados, muitas vezes de forma violenta.

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