sábado, 11 de março de 2017

TENDINOPATIAS E ROTURAS MUSCULARES

ANTONIETA DIAS 
Esta patologia pode surgir em qualquer atleta durante o desempenho da sua atividade.

Algumas tendinopatias são mais frequentes em determinadas modalidades, caraterizando diferentes práticas desportivas. As tendinopatias representam uma fatia bastante elevada das lesões dos desportistas, cerca de ¼ (20 1 25%) dos motivos de consulta são devidos a esta doença.

Fisiologicamente os músculos e os tendões funcionam em conjunto. As lesões podem surgir ao nível do corpo muscular, ao nível da zona de transição entre o músculo e o tendão.

A tendinopatia caracteriza-se pelo aparecimento de uma dor, que surge no início do exercício e diminui quando se atinge o aquecimento, aparece novamente durante o início do repouso, para desaparecer algumas horas depois e reaparecer com o exercício seguinte.

Nas tendinopatias do ombro os músculos atingidos são essencialmente os músculos supraespinhoso, o infraespinhoso, o bicípite e o subescapular, estas lesões surgem mais frequentemente nos atletas que praticam modalidades desportivas em que necessitam de fazer lançamentos (andebol, dardo, disco), ou nos desportos que necessitam de uma amplitude grande do ombro (natação, water-polo, ténis). A dor manifesta-se na abdução e na rotação externa. Na maior parte das situações a dor surge no momento do desempenho do gesto desportivo. Nas bailarinas e futebolistas, as tendinopatias localizam-se nos músculos adutores dos membros inferiores e caracterizam-se pelo aparecimento de uma dor localizada na região inguinal que irradia para a face interna do músculo, não ultrapassando geralmente a sínfise púbica. Pode se unilateral ou bilateral. 

O tratamento desta patologia é conservador em quase todos os casos. O recurso à cirurgia é feita só em situações excecionais (pode estar indicada nos casos resistentes ao tratamento médico).

As infiltrações (corticoides) poderão ser usadas em alguns casos, nunca ultrapassando 3 infiltrações com um período mínimo de 10 dias entre cada uma delas, podendo associar-se A.I.N.E.S por via oral. Esta terapêutica conservadora poderá ser complementada por crioterapia e fisioterapia.

O tempo médio de inatividade é de mais ou menos três semanas.

Tendinose do ombro

A tendinite do ombro atinge preferencialmente o supra-espinhoso e o longo bicípite. Estes tendões podem sofre trações excessivas, sendo estas trações muito frequentes nos lançadores e provocam um conflito com a parte superior interna do acrómio (clássico síndrome acromial interno descrito por Neer), ou sobre o sub-espinhoso com a aparte póstero-superior da glenoide (conflito glenoide posterior).

A tendinose pode ainda ser resultante de um traumatismo sobre um ombro hiperlaxo com dificuldade na centralização da cabeça umeral. Esta complicação leva a uma rotura parcial de um ou vários tendões da coifa, sobretudo do sub-espinhoso ou supra-espinhoso.

O diagnóstico é feito pela ecografia. O tratamento é conservador (repouso, infiltrações por via intra-articular).

A tendinopatia bicipital surge como consequência de lesões microtraumáticas dos tendões que se encontram nos desportistas. 

Estes tendões podem sofrer trações excessivas, sobretudo nos lançadores ou entrar em conflito com o teto sub-acromial (clássico síndrome sub-acromial descrito por Neer).

O diagnóstico é feito por ecografia. O tratamento é conservador.

A tendinopatia epicondiliana é a doença de inserção mais frequente que surge nos corpos tendinoso, originado dores durante a prática desportiva e em certos movimentos da vida quotidiana (abrir uma porta, apertar uma mão, verter uma garrafa).

Surge mais frequentemente nos desportistas que praticam ténis e golfe. O exame cínico é

Fundamental no diagnóstico. O tratamento consiste no repouso durante 3 semanas associado a infiltrações de corticoides, A.I.N.E.S e cinesiterapia. O tratamento cirúrgico é excecional. 

Em suma, uma tendinopatia pode representar na vida do atleta um período de inatividade importante e nalguns casos interferir com o sucesso desportivo.

  

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