domingo, 26 de março de 2017

O SEXO MAIS BURRO

LUÍS ARAÚJO
Anda toda a gente irritada com o polaco Janusz Korwin-Mikke, deputado europeu que disse alto e bom som que as mulheres são “mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes que os homens”, logo que “deviam ganhar menos”.

Sinceramente não entendo a razão de tanta comoção, pois, para justificar tão brilhante comentário o euro-deputado dá como exemplo não existir nenhuma mulher no TOP-100 dos jogadores de xadrez, modalidade de que, segundo consta o Janusz muito gosta.

Ora, como qualquer pessoa medianamente inteligente, ou, para o caso medianamente burra sabe, o xadrez é um jogo aborrecido que dói, praticado por gente com aspecto efeminado e de higiene dúbia. Mais, é talvez o único jogo mais aborrecido do que o curling, e o curling é aquilo que os carneiros vêm quando têm insónias.

O facto de não existir nenhuma mulher a jogar Xadrez só demonstra a sua arguta inteligência.

E, se de facto, existe um suporte estatístico para se afirmar serem as mulheres mais fracas e mais pequenas do que os homens, também é um facto que o Tiranossauros Rex era grande e forte p’ra caraças e há muito tempo que não se vê nenhum por aí, consta até que estão extintos, portanto quanto ao tamanho e força estamos conversados.

De qualquer forma eu pensaria duas vezes antes de irritar donzelas indefesas e fracas como a Ronda Rousey, ou qualquer uma das suas colegas que praticam esse desporto frágil conhecido como MMA.

Quanto ao busílis da inteligência...

Contrariamente a toda a gente que achou negativas estas declarações eu achei de uma extrema coragem, pois exaltar-se a inteligência masculina com o Donald Trump a fazer uma patacoada qualquer todos os dias na televisão ou via twitter é assinalavelmente corajoso.

Pois, se duvidas houvesse quanto à inteligência feminina, aí temos o Donald, a espatifar com estrondo e sem veleidades toda e qualquer pretensão masculina.

Tenho como certo que a eleição de Donald Trump foi uma maldade das mulheres, estas devem ter votado massivamente no candidato republicano, para mostrarem gloriosamente ao mundo, a todo o Mundo, quão burros os homens são, ou, pelo menos, poderão ser, o que resultou em pleno, o Presidente dos Estados Unidos não passa um dia em que não se espalhe ao comprido, para gáudio e divertimento de toda a plateia feminina que se deve estar a divertir como nunca, o que lhes deve dar uma dor de maxilares brutal, atendendo à prodigalidade presidencial para o disparate, o que demonstra em todo o seu esplendor a notável inteligência, com uma pitada de maldade, feminina.

Mas, naquilo que não posso concordar é com a parte do Janusz querer que as mulheres ganhem menos que os homens, para alguém que se diz inteligente isto não me parece nada brilhante, qualquer homem que se preze gostaria de ter uma mulher que ganhasse mais do que ele, consideravelmente mais, absurdamente mais.

Aliás um dos meus objectivos de vida é precisamente encontrar uma mulher com um salário do tipo daqueles que o Mexia tem, que me permitisse passar o dia todo dedicado a tarefas tão relevantes para a sociedade como melhorar o “swing” de golfe, provas de degustação de cerveja e a aquisição desenfreada de carros descapotáveis.

Ao contrário das mulheres, seres inextricavelmente complexos, os homens são do mais básico que há e estão-se a borrifar para quem é que ganha o dinheiro lá em casa, desde que haja dinheiro para gastar ficam contentes.



O que ainda não percebi muito bem foi o desmesurado relevo dado a estas afirmações, produzidas por um individuo envergando uma camisa cor de rosa e um laço purpura, como é que se pode atribuir o mínimo de credibilidade a alguém que vai defender o género masculino, vestido de transformista americana dos anos 50.

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