RUI SANTOS |
Celebra-se a 8 de Março o Dia Internacional da Mulher. Esta efeméride teve origem no combate travado pelas feministas – no final do século XIX e início do século XX – por melhores condições de vida para as mulheres, nomeadamente em termos sociais e económicos.
O Dia Internacional da Mulher deveria servir para lembrar as conquistas sociais obtidas pelas mulheres. Muito foi obtido durante o século XX. Se pensarmos em coisas que nos parecem tão naturais hoje em dia, como o direito ao voto ou o direito ao trabalho, dificilmente pensaremos que ainda há poucas décadas tal não acontecia. E o que dizer da ascensão de mulheres aos mais altos cargos políticos (Margaret Thatcher, Michelle Bachelet, Angela Merkel, Theresa May, Dilma Rousseff, por exemplo) ou económicos (Christine Lagarde, Mary Barra, Meg Whitman, Virginia Rometty, Indra Nooyi, por exemplo)? Certamente que poucas pessoas acreditariam que no espaço de um século as mulheres atingissem posições de tal relevância. Isso deveria ser mais lembrado, mais celebrado. Contudo, o que se verifica é a comemoração ser utilizada, essencialmente, para prosseguir a reivindicação de direitos por parte das mulheres. Essa continua a ser a tónica de muitas manifestações realizadas a respeito do Dia Internacional da Mulher. É verdade que muito foi alcançado num século mas ainda faltam algumas coisas serem conseguidas por parte do género feminino.
Em Portugal, a igualdade remuneratória, isto é, o direito das mulheres auferirem o mesmo montante (executando as mesmas tarefas e tendo o mesmo tempo de serviço numa empresa) que os homens é um dos direitos que continuam a ser reclamados. Se ao nível do Estado essa situação não se verifica, no que toca ao emprego no sector privado tal já acontece. Certamente que este problema poderia ser resolvido através da obrigatoriedade de Contractos Colectivos de Trabalho, uma eficaz fiscalização por parte do Estado, nomeadamente pela Autoridade para as Condições do Trabalho, e multas elevadas para as empresas não cumpridoras da igualdade salarial. Lamento que, nem quando uma mulher liderou o Ministério que tutela o trabalho, tal não tenha acontecido.
Creio que não demorará um século até que o Dia Internacional da Mulher sirva somente para festejar e não para reivindicar. A presença cada vez maior das mulheres nas instituições de ensino superior, em cargos de chefia, de tutela, indica que em breve a desigualdade que ainda subsiste em muitos sectores desaparecerá. Muito dependerá daquilo que as mulheres em lugares executivos possam fazer para eliminar as diferenças que ainda ocorrem por toda a parte.
Acreditemos, e trabalhemos, para um mundo onde a diferença de género deixe de existir!
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