MÁRCIA PINTO |
A falta de educação e respeito dos filhos em relação aos pais é cada vez mais comum, mas a culpa é dos progenitores que são demasiado benevolentes e flexíveis com os mesmos. Sei que é um assunto delicado e que, na maioria dos casos, os pais tentam fazer o melhor dando tudo o que podem e o que não podem aos filhos, de forma a satisfazer as exigências destes.
Contudo, esse tipo de educação tem tido efeitos bastantes negativos na formação das nossas crianças e jovens. Estamos a criar seres egoístas e egocêntricos, revoltados e insatisfeitos!
Quem tem filhos sabe que a todo o momento somos pressionados a ceder à vontade de crianças e adolescentes. Na realidade, eles estão sempre a testar os nossos limites, até onde os pais os permitem ir. Não podemos esquecer que o “proibido é mais apetecido”. Quem têm filhos convive diariamente com essa luta, pois eles desejam mais independência e emoção.
Assim, pretendem conhecer tudo o que é novo e muitas vezes ter a satisfação de ultrapassar normas como as de casa, da escola, do clube etc. Para vencer essa disputa, as crianças e jovens utilizam as mais variadas estratégias, desde birras, pressão psicológica e em casos extremos do uso da violência. O choro forçado, o desespero e a gritaria, são algumas das armas usadas pelos filhos para vencerem essa disputa, que envolve emoção, persistência e cansaço. Partimos do princípio que dizer “sim” é bem menos stressante que dizer “não”.
No entanto, a resposta negativa pode gerar inconformismo e revolta, e é nesse momento que as “crianças indefesas” vão testar se o “não” se pode transformar num “sim”.
Deste modo, as crianças que mandam nos pais, geralmente são um reflexo de um modelo familiar onde os pais giram em volta dos filhos. Não falo dos pais amáveis, carinhosos ou dedicados, falo dos pais que não sabem diferenciar amor de educação.
A dificuldade em dizer não e estabelecer limites, muitas vezes estão diretamente relacionados com o sentimento de culpa. Os pais que passam o dia todo fora para trabalhar, têm dificuldade em dizer não às vontades dos filhos. Assim, os desejos das crianças transformam-se facilmente em leis a que os adultos da casa se submetem praticamente sem contestar.
Contudo, não podemos permitir que seja instalado no nosso lar a “ditadura infantil”, onde filhos mandam e pais obedecem. O pior é que esse liberalismo chegou também a algumas escolas, nas quais os alunos ditam as ordens e os professores (com medo) obedecem. O certo é que jovens com essa linha de raciocínio terão sérios problemas na vida adulta, pois terão que lidar muitas vezes com o “não”, quando tiverem que se relacionar com a polícia, justiça e entidade empregadora.
Então o que devemos fazer?! Dizer sempre não aos nossos filhos para que eles não se tornem insolentes? – É claro que não! O bom senso, com muito amor, paciência, dedicação e um pouco de disciplina é a receita do sucesso.
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