MÓNICA AUGUSTO |
Nem sempre é fácil despertar nos jovens a consciência histórica e a preocupação com a preservação do património cultural material e imaterial. A escola vai tentando desempenhar o seu papel, o professor de história vai procurando, através de estratégias diversificadas alcançar este objetivo. Contudo, em termos curriculares este papel não cabe apenas ao professor de história mas deve, antes, basear-se numa abordagem pluridisciplinar.
Ao longo dos vários ciclos de ensino apela-se à consciência histórica de diferentes pontos de vista, mas aquele que mais cedo é abordado relaciona-se com a história local e regional, com o conhecimento dos locais próximos e respetiva história. Em níveis de escolaridade mais elevados exige-se que o conhecimento histórico seja mais global, inicialmente nacional, depois europeu e de seguida mundial. Ainda assim, o ensino da história deve socorrer-se sempre que possível da história local e regional.
Se nos primeiros anos de ensino tal se relaciona diretamente com os objetivos e conteúdos programáticos definidos, noutros níveis de escolaridade tal pode e deve ser utilizado, sempre que possível, como motivação para determinada unidade temática ou para uma aula apenas que seja. Tal como o previsto na legislação e diretrizes ministeriais devemos o professor deve partir sempre da auscultação dos conhecimentos prévios dos alunos. No que se refere à história o recurso ao local e regional é uma mais-valia atendendo a que os alunos reconhecem sempre nem que seja uma lenda que possa ser esmiuçada, um local conhecido que se possa relacionar com um acontecimento marcante, uma tradição que identifique ou diferencie o local do global.
A utilização da história local e regional como recurso educativo implica um esforço suplementar por parte do docente que se vê obrigado a fazer emergir a sua vertente de investigador a fim de conhecer a realidade local. Tal tarefa pode ser simplificada quando os docentes atuam na sua área de residência ou lecionam vários anos na mesma área geográfica. Para aqueles (tantos) professores que todos os anos mudam de escola, se afastam, se aproximam, a tarefa é mais complexa, a investigação é contínua, até porque, não podemos pôr de lado a possibilidade dos contratos de substituição temporária com a duração, por exemplo, de um mês, e que implica uma readaptação constante e onde o conhecimento do local só se torna possível com grande tenacidade e esforço. Evidentemente estes condicionalismos estão presentes na vida de todos os que se dedicam ao ensino, mas pretendia sublinhar, com o recurso ao exemplo da disciplina de história, que a qualidade de ensino é posta em causa, que muitas possibilidades de recursos são colocadas de parte devido à grande instabilidade que carateriza o corpo docente da maioria das escolas.
Para que as estratégias, os recursos e até mesmo as relações pessoais inerentes ao ato educativo possam dar frutos é fundamental refletirmos se realmente é possível colocar em prática as diretrizes emanadas do poder central quando a realidade nas escolas é tão diferente.
Sem comentários:
Enviar um comentário