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O mesmo formato, mas algumas novidades:
Quatro anos depois, a reedição do Campeonato Europeu vem confirmar o sucesso da prova de 1960 naquilo que de mais fundamental se procuraria atingir, que eram os alicerces para a consolidação da realização do evento, que se fixou num intervalo de tempo de 4 anos até à realização do Europeu seguinte.
O sucesso de 1960 também se reflectiu no aumento do número de selecções participantes, traduzindo um aumento significativo do interesse dos países pela prova. Entre os estreantes, destaque para as presenças de Inglaterra e Itália, duas selecções importantes no panorama futebolística mundial, já na altura. E se a Itália ainda passou a fase preliminar e só caiu nos oitavos-de-final diante da URSS, já a futura campeã mundial Inglaterra não passou da ronda preliminar, caindo perante a França.
Para chegar à fase final da competição, a Espanha só teve de se aplicar mais nos «quartos», quando na primeira mão se vê surpreendida em Bilbau pela Irlanda do Norte (1-1). Foi um golo solitário do médio do Real Madrid Paco Gento que salvou os espanhóis da eliminação já em território norte-irlandês. De resto, a selecção de “nuestros hermanos”, valendo-se de um sector atacante poderoso onde estiveram particularmente inspirados Amancio (Real Madrid), Vicente Guillot (Valência), Veloso (Corunha) e Pedro Zaballa (Barcelona), ultrapassou com relativa facilidade a Roménia (6-0 e 1-3) e a República da Irlanda (5-1 e 2-0).
A URSS, campeã europeia em título, entrou em campo apenas nos oitavos-de-final, e logo para defrontar a estreante de luxo Itália. A vitória caseira por 2-0 dos soviéticos em Moscovo conferiu uma margem ligeiramente mais confortável para que Yashin, Ponedelnik, Ivanov e companhia conseguissem gerir eficazmente a vantagem, selada com um empate a uma bola no Olímpico de Roma, com lotação esgotada para assistir ao primeiro jogo de qualificação de sempre para Campeonatos da Europa em casa para os italianos. Não foi fácil igualmente a vida dos soviéticos nos «quartos», com a Suécia a fazer a vida negra aos campeões europeus em título, chegando a obrigar a URSS a anular, por intermédio de Valentin Ivanov, a vantagem sueca conquistada pelo golo inaugural de Kurt Hamrin, no jogo realizado em Estocolmo. Hamrin ainda cumpriu a sua parte no Central Lenine, já na segunda mão, mas dois golos de Ponedelnik e outro de Voronin acabaram com as aspirações suecas.
Boa campanha fez também a Hungria, aproveitando a plenitude das capacidades desportivas de homens como Lajos Tichy, Sándor Mátrai ou Ferenc Sipos, e o emergir de jovens competentes como István Nagy, Solymosi, Flórián Albert ou Ferenc Bene, para ultrapassar um difícil percurso de qualificação com eliminatórias equilibradas diante do País de Gales (3-1 e 1-1), a República Democrática Alemã (2-1 e 3-3), e a França (3-1 e 2-1). Pela variedade de boas escolhas ao serviço do seleccionador Lajos Baróti, tinha-se a expectativa de ver a Hungria a aproveitar a prova para consolidar o seu estatuto de potência futebolística importante à época.
Finalmente falemos da quarta apurada, a Dinamarca, que se destacou sobretudo por ter o melhor goleador da fase de qualificação, o avançado Ole Madsen, que marcaria 10 golos em 7 jogos. Depois de eliminatórias acessíveis contra Malta (6-1 e 3-1) e a Albânia (4-0 e 0-1), a Dinamarca só conseguiu ultrapassar o surpreendente Luxemburgo nos quartos-de-final ao terceiro jogo, após empates de 3-3 e 2-2. Foi em Amesterdão que Ole Madsen acabou com o sonho luxemburguês, com um golo solitário no final da primeira parte, no jogo do desempate.
A fase final e passagem de testemunho
Os míticos Santiago Bernabéu e o Camp Nou foram os eleitos para receber, entre os dias 17 e 21 de Junho de 1964, a fase final do certame, iniciada na capital espanhola, com a selecção da casa a receber a forte equipa húngara. À conjugação de experiência e juventude que caracterizava a talentosa equipa húngara, responde a categoria de uma nação que, antes de 1964, já tinha visto o Real Madrid a vencer cinco Taças dos Campeões Europeus e a ser finalista vencido em outras duas ocasiões, com o Barcelona também a perder na final de 1961 diante do Benfica. O jogo, renhido, só foi decidido no prolongamento com o golo de Amancio, quando terminou empatado a uma bola no final do tempo regulamentar.
No outro jogo, a URSS bateu categoricamente a Dinamarca, fazendo-se valer da sua experiência para chegar à sua segunda final consecutiva. Voronin, Ponedelnik e Ivanov foram os autores dos três tentos com que os soviéticos derrotaram os nórdicos.
O prémio de consolação para os magiares foi o terceiro lugar, com Novák (2 golos) e o insuspeito Ferenc Bene a eliminarem uma Dinamarca que o máximo que conseguiu foi levar o jogo para prolongamento graças ao golo de Carl Bertelsen. Sem a inspiração de Ole Madsen, os dinamarqueses saem no entanto de forma digna da competição, perante uns húngaros que não colocariam de parte inicialmente a possibilidade de chegar mais longe.
A final entre Espanha e a URSS começou com dois golos de rajada antes dos dez minutos de jogo. Com Luis Suarez a organizar o jogo ofensivo da selecção espanhola, Jesús Pereda abriria o activo aos seis minutos de jogo, mas os soviéticos responderam de pronto, com Khusainov a igualar aos 8 minutos. Num jogo pautado pelo equilíbrio entre dois colectivos de grande nível, valeu o golo de Marcellino Martinez aos 84 minutos para dar a vitória final aos espanhóis, que conquistaram o troféu em casa.
“Joguei em selecções espanholas melhores do que a de 1964, mas nunca ganharam nada”, diria Luis Suarez. “Esta era, acima de tudo, uma verdadeira equipa, ao invés de uma selecção de jogadores de topo”.
Estava consumada então a passagem de testemunho! A Espanha era a nova campeã europeia de futebol.
A participação portuguesa no Euro’1964
Aquilo que se pode dizer é que, por entre as excelentes campanhas do Benfica e a iminente campanha brilhante no Mundial seguinte, a campanha portuguesa na qualificação para o Euro’1964 foi breve e discreta, apesar de renhida.
A selecção nacional caiu logo na ronda preliminar diante da Bulgária, numa eliminatória que teve de ser resolvida em três jogos.
A primeira mão realizou-se em Sófia, e até começou de feição para as cores portuguesas, com Eusébio a marcar o golo inaugural no início da segunda parte. No entanto a Bulgária também tinha o seu artilheiro, de nome Georgi Asparuhov, que com o seu «bis» operou a reviravolta no marcador, completada com um terceiro golo, da autoria de Todor Diev.
Respondeu à letra a «selecção de todos nós» no Restelo, com uma vitória igualmente por 3-1. O portista Hernâni foi o herói da segunda mão, com dois golos que, a somar ao tento de Coluna, quase iam dando o apuramento a Portugal para os «oitavos». Valeu aos búlgaros o tento solitário de Iliev (83’) para impedir a “cambalhota” completa na eliminatória a favor da equipa lusa.
No Olímpico de Roma a eliminatória esteve por decidir até bem perto do final da partida. Sem Eusébio e Hernâni, a selecção nacional não conseguiu ter capacidade de contar com capacidade finalizadora na sua frente de ataque que lhe permitisse desequilibrar a eliminatória a seu favor. Mas quem entrou em acção foi o artilheiro búlgaro Asparuhov, que aos 87 minutos, afasta Portugal dos oitavos-de-final da ronda de qualificação.
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