ANTÓNIO PATRÍCIO |
A este mês de Maio de 2016 não lhe bastou, como aos demais, iniciar-se com a tradição das “maias”, como não deixou, por mãos-alheias, todo o cerimonial inerente às práticas do sobrenatural.
Logo na segunda sexta-feira calha o dia treze. Como se sabe, a sexta-feira treze é o dia dos esconjuros, das queimadas, dos diabos…a noite em que não se pode pôr o pé nos caminhos sob pena de ser alvo do mau-olhado, dos feitiços perpétuos, de correr-o-fado e de muito mais pragas que, bruxas escanzeladas de nariz adunco e unhas sebentas, sem dó nem piedade, lançam e rogam ao vento, no alto dos montes e nas profundezas dos vales, onde as águas se conturbam, na tentativa sobre-humana de lhes encontrarem albergueiro.
A situação toma foros fantasmagóricos quando, a sexta-feira treze, calha em noite de Lua-cheia, então, temos a noite do lobisomem, dos uivos estridentes e guturais à Lua e da cata de almas penadas e perdidas.
Tudo isto faz parte do imaginário tradicional e da impossibilidade que o homem, em tempos idos, tinha em explicar alguns fenómenos da Natureza, valendo-se de crendices e abusões sem qualquer tipo de sustentabilidade, para encontrar alguma “paz” de espírito e outro tanto de “sossego” para o corpo.
Maio é, também, o mês da Mãe, aquela Mulher que, um dia, decidiu dar-se e, como recompensa natural, deixar nascer das suas entranhas um ser igual, cheio de Vida e Força, capaz de garantir a continuidade da espécie. Aquela Mulher que afogou as dores do parto no gemido inocente de um filho dado ao mundo em total gratuitidade.
Para além do que foi dito, Maio, foi o mês que a Virgem Maria escolheu – 13/5/1917 – para se fazer aparecer aos pastorinhos num pedaço de monte a que chamavam a Cova de Iria, na localidade de Fátima. Para os cristãos católicos é o dia da veneração plena à Senhora que a todos ouve, alguns atende e, aos demais, aguarda ser aceite em graça. Este prodígio do Séc. XX, com o mundo em grande turbulência, foi capaz de acalentar os corações de muitos que viveram o tormento da guerra e de serenar a impaciência e o desalento de outros tantos, confinados que ficaram, à solidão de um quarto ou à negridão da ausência eterna.
Mês das peregrinações, das súplicas, dos desabafos, das conversões, das penitências, do encontro de gerações e de nações à volta d’Aquela que, entendeu por bem, escolher esta Nação para enviar mensagens de Paz e de Amor a todos quantos souberem escutar e acreditar.
Virgem de Maio que marcou, de uma forma indelével, e rejuvenesceu a veneração a Maria e deu ao Mundo um altar mais perto do céu.
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