PE. JOÃO TEIXEIRA |
1. Num tempo em que há dias mundiais para quase tudo, podemos dizer que o Corpo de Deus é uma espécie de Dia Mundial da Eucaristia. Pela sua natureza, uma festa como esta não deve ser episódica, meramente circunstancial.
2. Uma festa como esta não pode ser o evento de um dia, mas o grande acontecimento de cada dia. De facto, que maior festa pode haver do que ser visitado por Deus, do que ser abraçado por Deus, do que ser interpelado por Deus, do que alimentado por Deus?
3. Na Eucaristia, é Deus quem nos visita, é Deus quem nos abraça, é Deus quem nos fala, é Deus quem nos alimenta. Como entender, então, que tantos desperdicem tanto?
4. Verdadeiramente, a celebração da instituição — ou «invenção» — da Eucaristia ocorre em Quinta-Feira Santa. Sucede que, apesar da importância singularíssima desta data, a circunstância de ser véspera do dia da morte do Senhor inibe-nos de manifestar todo o nosso contentamento por este dom incomparável.
5. Daí a necessidade de uma festa que nos permita agradecer as maravilhas da Eucaristia. E daí também a vontade de testemunhar publicamente, pelos caminhos das nossas terras, que só Jesus é a força capaz de transformar a humanidade, conduzindo-a para a justiça, a felicidade e a paz.
6. Terá sido em 1247 que se celebrou, pela primeira vez, o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Foi em Liège e por insistência de uma religiosa: a Irmã Juliana de Mont-Cornillon.
7. Mais tarde, em 1264, na sequência de um milagre eucarístico ocorrido em Bolsena, o Papa Urbano IV estendeu a toda a Igreja esta festa através da bula «Transiturus». Embora, nessa altura, ainda não haja ainda qualquer alusão à procissão com o Santíssimo, é sabido que esta depressa se introduziu nos hábitos eclesiais e na alma crente do povo.
8. A procissão eucarística é, pois, uma sequência — e um transbordamento — da Eucaristia. Nós vamos, pelos caminhos da nossa vida, até à Eucaristia. E a Eucaristia, pelos mesmos caminhos da nossa vida, vem até nós.
9. A Eucaristia não se limita à celebração. A Eucaristia parte do tempo para o templo e volta do templo para o tempo.
10. Quando termina a Missa, há-de começar a Missão. O Pão que nos alimenta na Missa é o Pão que nos alenta na Missão.
Sem comentários:
Enviar um comentário