quarta-feira, 8 de março de 2017

ENVELHECIMENTO ATIVO: VELHO OU IDOSO?

“Parabéns a você,
Nesta data querida
Muitas felicidades
Muitos anos de vida”

VERA PINTO
Esta é a canção com que saudamos e celebramos a passagem de mais um ano. A música que nos acompanha ano após ano nas celebres festas de aniversário. O dia de anos é uma data que ninguém esquece, seja por se tratar de algo engraçado até certa idade, seja pela guerra contra o tempo que se começa a travar a partir de certa altura:“estou a ficar cada vez mais velho”.

Será assim tão mau envelhecer?

Uma coisa é certa, não vale a pena coleccionar anos, não vale a pena desejar “muitos anos de vida”, importa desejarmos muitos BONS anos de vida. Importa envelhecer com saúde, autonomia e independência o que constitui um enorme desafio e responsabilidade para todos.

Não é fácil encontrar uma definição universal para envelhecimento. Existem várias definições que, apesar das suas divergências, partilham da noção de perda progressiva de funcionalidades com a idade, que se traduz no aumento da susceptibilidade e incidência de doenças. É importante, contudo, salientar que ser velho não é ser doente. O envelhecimento pode ser definido como um processo de alterações progressivas da estrutura biológica, psicológica e social dos indivíduos que se desenvolve ao longo da vida. É parte natural do ciclo da vida, sendo desejável que constitua uma oportunidade para viver de forma saudável e autónoma o mais tempo possível. A esperança média de vida em Portugal aumentou três anos na última década para ambos os sexos, mas os homens registaram um maior avanço, aproximando-se da média das mulheres. O envelhecimento da população é considerado um triunfo. Os enormes progressos alcançados pelas ciências da saúde nas últimas décadas têm permitido um aumento substancial da esperança média de vida. De acordo com os resultados do último CENSOS, 19% da população portuguesa é considerada idosa (65 anos ou mais). O actual índice de envelhecimento em Portugal é de 129,4%, ou seja, para cada 100 jovens (indivíduos de idade inferior a 15 anos) haverá 129 pessoas idosas. O processo de envelhecimento aumenta a probabilidade de se desenvolverem múltiplas morbilidades, sendo particularmente elevada a prevalência de patologias crónico-degenerativas, que exigem maiores cuidados de saúde e são frequentemente acompanhadas de polimedicação. À medida que a idade avança o número de doenças crónicas e de medicamentos utilizados tende a aumentar. Existem dados que referem que 80% dos doentes com mais de 75 anos tomam, pelo menos, um medicamento e 36% tomam quadro ou mais medicamentos – polimedicação – e que cerca de 50% dos doentes idosos manifesta problemas de adesão à terapêutica. Por várias razões, as reacções adversos são, geralmente, mais frequentes e mais graves nos idosos. Entre 5 a 17% dos internamentos hospitalares de doentes idosos deve-se a reacções adversos, muitas das quais passíveis de prevenção. 

O envelhecimento activo foi adoptado pela Organização Mundial de Saúde para descrever o processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança com vista a melhorar a qualidade de vida associada ao envelhecimento. Este conceito depende de influências, ou determinantes, individuais, biológicas, genéticas e psicológicas que contribuem para a forma como se envelhece e, ainda, para a ocorrência de patologias ao longo da vida. São também importantes os determinantes externos, comportamentais, ambientais e sociais, pois influenciam o declínio das funções associadas ao envelhecimento. A nível dos determinantes comportamentais a adopção de estilos de vida saudáveis e participação activa do próprio nos seus cuidados constituem medidas importantes ao longo da vida. Um dos mitos do envelhecimento gira em torno da ideia de que é demasiado tarde para se adoptar estilos de vida saudáveis. Contudo, mesmo nas pessoas idosas, a actividade física adequada, a alimentação saudável, não fumar, o consumo moderado de álcool, o uso correcto dos medicamentos e a adesão a terapêutica pode prevenir doenças e o declínio funcional, prolongar a longevidade e aumentar a qualidade de vida.

Promover o conceito de envelhecimento activo passa, pois, por recomendar, de acordo com as necessidades individuais, a prática de actividade física regular e uma boa nutrição, medidas que estimulem as funções cognitivas e , ainda incentivar a adopção de comportamentos saudáveis que conduzam a autonomia e independência.

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