MIRIAM, MIA E NELSON |
Somos uma família – nós e a nossa pequena Mia – com um desejo: viajar pelo mundo. Pôr os pés à conversa com terras desconhecidas. Desde setembro de 2015 passámos a ser uma casa, de pés, braços e olhos bem abertos, para abraçar o mundo.
Entendemos que uma casa está sempre em construção, renovação, em constante processo de crescimento, não para ser maior, mas para ser mais próxima daqueles que acolhe. E a casa que lhe queremos construir é esta: que se renova em novos chãos e tem um telhado aberto ao céu, feito de um sol laranja gigante. Uma casa que tem braços e pernas que nos permitem tocar um elefante e caminhar – lado a lado – com ele. Uma casa que tem paredes que trocam o cimento e a tinta por histórias, pessoas, rostos, odes e tradições de cada nova morada que conheçamos. É esta a casa que lhe queremos dar, que queremos dar-nos, nós estaremos sempre dentro dela e não consigo imaginar uma casa mais cheia, mais bonita.
A porta de entrada desta nossa casa é o blogue www.meninamundo.com, vencedor do prémio de Melhor Blog de Viagens Pessoal, atribuído por um painel de especialistas na BTL 2016 e, agora, a Bird Magazine com quem temos o prazer de colaborar. Este será, a partir de hoje, lugar de encontro entre essa casa que somos e construímos a cada dia e as vossas “casas”, para viajarmos em conjunto.
Biografia da família
Mia: menina, exploradora, doce. Viaja desde que nasceu e, já lá vão mais de 6 meses desde que explora a Ásia.
Miriam Pina: mãe e mulher, sensível e sonhadora. Psicóloga e Criminóloga, deixou a sua carreira de docente universitária para se dedicar a esta viagem em família e à escrita, inteira e por inteiro.
Nelson Paiva: pai e marido, aprendiz da vida. Criminólogo de formação, fotógrafo por paixão, regista em imagens os quadros familiares desta aventura.
Já estamos dentro do balão, deste balão que toca os céus e pousa em terras que ainda não conhecemos, mas até às quais seremos levados por esta vontade de ir. Chegou o dia, somos já essa casa, de seis pernas e braços, de que vos falávamos.
E este dia: é passado, é presente e futuro, em nós. Neste dia: somos passado – com tudo o que já vivemos; somos presente – porque todas essas histórias já vividas nos trouxeram até aqui, até este dia, até este acreditar que os sonhos são para serem vividos; e somos futuro por adivinhar – porque nesse dia em que decidimos dar este passo, largar as ruas pelas quais passávamos todos os dias, deixar o supermercado onde fazíamos sempre as compras, e todas as coisas que dávamos por certas, nesse dia sabíamos que estávamos a mudar o presente e com ele o devir.
Vamos encher os olhos de mundo, os corações de histórias de terras que ainda não conhecemos, de pessoas que ainda não têm nomes em nós; de momentos que a nossa memória vai guardar para deles construir memórias para o futuro.
Nesse balão entraremos pelo mundo adentro, e dentro dele vamos nós: com pouco do que temos (são 20 kg de coisas), mas com tudo o que somos e isso não se mede em quilos, nem litros ou cifrões. Somos família, somos amor, somos três corações, somos mil vontades, somos um sonho a formar-se, somos esperança, somos tudo. Dizem que tudo o que temos nos possui, nos limita ou delimita, acredito que sim, por isso, para levantarmos voo precisamos (simbólica e economicamente) de nos ir libertando de coisas que possuímos.
Nos últimos tempos senti-nos a viver já na cesta desse balão (que agora nos leva), vivíamos nela mas, para que o balão, que ela traz suspenso, pudesse fazer-nos voar, precisávamos de ‘deitar para fora’ da cesta tudo o que não fosse essencial. Sabíamos desses vinte quilos – era a dose certa –, nem mais nem menos, e transformamos uma casa em 20 kg, fomo-nos desapegando de tudo o que nos impedisse de subir. Temos menos, temo-nos mais.
E hoje já estamos a subir, dentro e alto, como o sonho que levamos connosco.
Chegamos a Paris, aqui nos despediremos da Europa.
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