RAQUEL EVANGELINA |
O amor não é o urso de peluche com aquele coração enorme a dizer “I love you”. O amor não é ir jantar fora naquele dia porque toda a gente vai e também temos que ir. O amor não é declarações lamechas em textos de metro e meio nas redes sociais com foto fofinha e depois andar a mandar mensagens ao jeitoso ou à jeitosa que temos como amigos virtuais a ver se quer tomar café connosco. O amor não é o consumismo exagerado que nos entra pelos olhos dentro nas próximas duas semanas na publicidade da TV e nas montras das lojas. O amor é outra coisa.
O amor é estar juntos quando tudo corre bem mas principalmente quando as coisas correm mal. É olhar para uma pessoa, perceber os defeitos dela e mesmo assim não a querer trocar por alguém que, aparentemente, nos parece melhor. É querer muito abraçar alguém e no minuto seguinte só apetecer dar-lhe uma bofetada porque nos irritou. (Vá isto pode ser agravado por eu ser de um signo bipolar). É ficarmos contentes e orgulhosos com as vitórias da pessoa e tentar dar ânimo quando as derrotas o desanimarem. É saber que um “Fica bem” e um “Cuida-te” vale mais que todos os corações a dizer I love you que são oferecidos. (Aliás alguém me explica em que tipo de decoração numa casa de uma pessoa adulta é que aquilo fica bem?). E acima de tudo o amor não é algo que se é manifestado a 14 de Fevereiro. Se querem manifestar nesse dia óptimo. Mas é para continuar ao longo dos tempos. Não é dar um presente nesse dia, ir jantar fora e depois andar a faltar ao respeito, desprezar e não mimar ao longo dos outros 364 dias.
Acreditem que não tenho nada contra o dia. A sério que não. Tenho é contra a ideia de que neste dia é que deve ser tudo dito, que se deve parecer bonito e o resto dos dias que se lixe. Já passei dia dos namorados solteira, já passei dia dos namorados a namorar. As vezes que fui jantar fora foi com amigas. O que até tem a sua piada porque quando somos só duas passamos por casal. Qual a diferença? Nenhuma. Nunca recebi rosas nesse dia, fora desse dia já. Até gosto de flores mas são presentes que não duram. É irónico no dia do amor receber algo que passado uns tempos murcha não? È que se nos dá para interpretar o presente como a metáfora do sentimento da pessoa deprimimos…
Agora a sério. Amem, amem muito. Querem oferecer rosas, ofereçam. Querem fazer textos de metro e meio e propagar ao mundo o quanto gostam de alguém façam. Querem oferecer ursos pirosos mas extremamente românticos ofereçam. Mas façam disso um ato recorrente. Não façam disso apenas a celebração do São Valentim. E se não há cara-metade para celebrar o amor não se preocupem. Há amigos, há família e acima de há aquele amor bastante importante… o amor próprio! Portanto celebrem o amor. É importante que ele seja celebrado. Mas façam-no sempre.
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