ELISABETE RIBEIRO |
Hoje, mais a modo, de desabafo.
Se há algo que me tira do sério é trabalhar com um sistema em que teima em manter o complicómetro ligado. Reporto-me às reuniões de avaliação, articulação vertical e horizontal (só falta o diagonal), departamento, subdepartamento (fica em falta o sub-subdepartamento), de docentes, de estabelecimento, de AEC,s... mais algumas que agora, neste labirinto de nomes, não me recordo.
Mas nem é só pelos nomes, mas mais pelos conteúdos nelas tratados. Verificar se os programas estão a ser cumpridos (quando já está está referido em ata), se conversamos com os professores das AEC,s, se os infindáveis projetos foram devidamente efetuados e avaliados (quando já se enviou uma catrafada de grelhas e sub grelhas com resultados, metas, objetivos e por aí adiante, sobre os ditos)... em suma, falar de assuntos que já estão tratados. Poderá, eventualmente, surgir uma situação que tenha de ser falada com mais acuidade, mas, por favor, horas ali para dizer e ouvir mais do mesmo sem acrescentar nada ao que foi feito? Pura perda de tempo.
A somar a isto é o ridículo de se convocar uma reunião em que quem a orienta nem sequer sabe o que se vai fazer ao certo. Apenas lhe comunicaram que tem de ser feita e tem de se fazer... o quê, ninguém sabe ao certo. E quando se encontra a pessoa que poderá saber, esta perde-se em orientações desorientadas que nos deixa com o ar de interrogação acentuadamente carregada. Neste contexto, ainda saem tons de voz alterados e mesmo ameaçadores apenas e só porque se é questionado para quê tanta grelha e mais não se sabe o quê quando isso já está feito... em suma, ocupar tempo no "faz de conta".
Metas e percentagens de projetos que nos obrigam a dedicar horas às ditas grelhas com o hipotético objetivo de melhorar as aprendizagens dos alunos. Com o tempo que se dedica à aplicação de não sei quantos projetos, registo e avaliação dos mesmos, o tempo escasseia para o que é mais importante: ensinar. É que não falo de 1 ou 2 projetos, mas de quase uma mão cheia deles se não passar (são tantos que lhe perdi a conta). Não me admira nada se surgir um projeto para avaliar e mediar as vezes que os alunos vão à casa de banho, fazer o quê e os metros de papel higiénico que gastam.
Somos a classe que mais reuniões deverá fazer e que menos rendimento e sumo tira delas. Muitos assuntos desnecessários e, muitas vezes, pouca organização de quem as organiza.
Naturalmente que não é assim em todo o lado. Falo apenas do que tenho vindo a assistir ultimamente. E desconfio que, com o tempo, as coisas não terão tendência a melhorar. Espero estar redondamente errada. A verdade seja dita, nunca vi um(a) colega a dizer alegremente que vai ter uma reunião.
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