JOÃO RAMOS |
Na época natalícia são gastos milhões de euros em presentes, o que nos leva a perguntar, se essa despesa contribui para um mundo melhor. Do ponto de vista económico, os indivíduos que oferecem as prendas possuem um conhecimento imperfeito relativamente aos gostos e necessidades dos seus colegas ou familiares, levando a que estes, em muitos casos, atribuam um valor monetário ao presente, inferior, ao gasto na sua aquisição, constituindo esta diferença, aquilo a que os economistas chamam de “peso morto”. Este montante pode atingir, entre 1/10 e 1/3 dos custos das ofertas, segundo as estimativas da Universidade de Yale. No entanto, introduzindo o valor sentimental dos presentes, como o fez a Universidade de Chicago, existe um excedente para o consumidor, ou seja, uma avaliação acima do preço de venda, de 20% a 30%. Neste sentido, parece existir uma justificação consciente para os gastos natalícios, uma vez que estes proporcionam um bem-estar físico e emocional a toda a sociedade. Além disso, e como está devidamente documentado em estudos, os indivíduos que despendem um maior montante em presentes durante épocas festivas, tendem a gozar de um maior estatuto social, o que se reflecte em ganhos tangíveis, como a capacidade em realizar negócios mais lucrativos e alcançar melhores empregos durante o ano.
Quando chegamos à altura do natal, muitas vozes se levantam- incluindo o Papa Francisco- criticando o despesismo e a descaraterização do conceito desta época festiva, sobretudo associado a uma procura desenfreada pelo consumismo e materialismo. Ao contrário do que muitos advogam, a troca de prendas no natal faz parte de uma tradição comunal de celebração e de amor ao próximo, que se manifesta de várias formas, em função dos grupos sociais. Mais do que nos preocuparmos com os gastos dos indivíduos, devíamos, isso sim, celebrar a possibilidade de desfrutar uma quadra, desta importância em tempos de paz social e relativa prosperidade.
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