ARTUR COIMBRA |
Tinha já chegado também ao Polo Norte, viajando cerca de 800 quilómetros pelo gelo do Árctico, sem qualquer apoio exterior. Em 1994, subiu ao Evereste, tornando-se a primeira pessoa a chegar aos “três polos”.
Foi advogado, estudo filosofia e fundou uma editora na Noruega. É autor de cinco livros sobre as suas viagens e os seus desafios polares, além de um outro sobre os caminhos subterrâneos de Nova Iorque.
A biografia deste autor explica e fundamenta este livro originalmente publicado em 2016 (traduzido para Portugal no ano passado), em que o silêncio é o leitmotiv, quer o silêncio que nos rodeia, quer o nosso silêncio interior.
O silêncio na era do ruído é uma obra que procura responder a três interrogações fundamentais: O que é o silêncio? Onde é que se encontra? Por que razão é agora mais importante do que era dantes?
Da Antárctida diz que “é o lugar mais silencioso” onde esteve e poetiza: “absolutamente só, naquela imensidão gelada, imerso no grande nada branco, podia ouvir e sentir o silêncio”.
O silêncio pode ser maçador, desconfortável, ameaçador, solitário, triste, pesado, agressivo, dependendo dos momentos e das circunstâncias em que cada um se encontra. Mas pode ser também uma presença amiga, uma necessidade, um consolo, uma fonte de enriquecimento interior: “o silêncio que descansa como um passarinho na palma das nossas mãos”.
Escreve Erling Kagge:
“Durante milhares de anos, indivíduos que viviam na solidão, sem ninguém à sua roda – tais como monges no alto das montanhas, eremitas, marinheiros, pastores e exploradores de regresso a casa – estavam profundamente convictos de que a resposta aos mistérios da vida se pode encontrar no silêncio”.
Lembra, justamente, que Jesus e Buda resolveram aventurar-se em direcção ao silêncio, de forma a perceber como deveriam viver. Jesus foi para o deserto e Buda para a montanha e para perto do rio. Em silêncio, Jesus preparou-se para encontrar Deus. O silêncio, o indizível, a divindade, a eternidade.
Vivemos na era do ruído, rodeados de sons, de música, concertos, televisão, aparelhagens de todo o género, telefones, cafés, bares, centrais de camionagem, mercados, ruas, automóveis. Confusão, agressão, violência.
O silêncio é uma ilha no meio do barulho ensurdecedor do quotidiano. Quase em vias de extinção, sem dúvida, por culpa de todos nós. Até do matraquear das teclas do computador que utilizamos a cada momento no trabalho ou no lazer.
O silêncio pode estar em qualquer lugar, a qualquer momento, à nossa frente.
Saibamos recuperá-lo e vivê-lo, como necessidade para a sobrevivência da sanidade interior.
Saibamos inventar o nosso próprio silêncio, o nosso interior, a nossa casa!
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