Passam hoje 756 anos que morreu o santo da devoção dos amarantinos, sendo no entanto comemorado em vários locais do Brasil e disputado por outras localidades em Portugal – quem nunca ouviu a expressão “o santo é nosso e o corno é vosso?”
Manda o rigor que se diga que Gonçalo, não é santo. O Beato Gonçalo terá sido alvo de três processos canónicos, visando a sua beatificação e canonização. Em 24 de abril de 1551, Papa Júlio III concedeu que se lhe tributasse culto público. O último foi aberto pelo então bispo da Diocese do Porto, D. Rodrigo Pinheiro, por comissão do Papa Pio IV, tendo a sentença de Beatificação sido promulgada a 16 de setembro de 1561 pelo representante da Sé Apostólica. Mais tarde o Papa Clemente X, em 10 de julho de 1671, estendeu a toda a Ordem dos Pregadores e a todo o reino de Portugal a concessão de honrarem este beato, um dos mais populares do país, com Missa e Ofício litúrgicos próprios.
S.GONÇALO DE AMARANTE |
Desejoso de visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo e os Lugares Santos da Palestina, obteve licença, deixou os seus paroquianos ao cuidado de um sobrinho sacerdote, e partiu em peregrinação primeiro a Roma donde passou a Jerusalém, onde se demorou 14 anos.
De regresso a Portugal, afirma-se que o seu sobrinho, além de não o aceitar e não o reconhecer como verdadeiro e legítimo pároco, escorraçou-o e conseguiu, mediante documentos falsos, provar ao então Arcebispo, D. Silvestre Godinho, que Gonçalo falecera, obtendo a nomeação como pároco da freguesia.
Gonçalo, resignado com semelhante atitude, deixou São Paio de Vizela e partiu, pregando o Evangelho até às margens do rio Tâmega. No local onde hoje se ergue a Igreja e Convento de São Gonçalo, em Amarante, de acordo com a tradição ergueu uma pequena ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Assunção, ali se recolhendo como eremita, consagrando o tempo à oração e à penitência, e saindo esporadicamente a pregar nos arredores.
Sentindo necessidade de encontrar um caminho mais seguro de modo a alcançar a glória eterna, Gonçalo jejuou uma Quaresma a pão e água e suplicou fervorosamente a Nossa Senhora que lhe alcançasse do Senhor essa graça. Afirma-se que a Virgem Maria apareceu-lhe e disse-lhe que procurasse a Ordem em que iniciavam o seu Ofício com a Saudação angélica ou Ave-Maria - a Ordem dos Pregadores ou Dominicanos.
Gonçalo dirigiu-se então ao Convento de Guimarães da Ordem dos Pregadores, recentemente fundado por Pedro González Telmo, apóstolo da região de Entre-Douro e Minho, o qual lhe deu o hábito e, uma vez feito o noviciado, admitiu-o à profissão religiosa. Após algum tempo deu-lhe licença para, com outro religioso, voltar ao seu eremitério de Amarante, continuando a sua vida evangélica e caritativa.
Durante o seu ministério Gonçalo operou muitas conversões, conduzindo o povo à prática de uma autêntica vida cristã, sem esquecer de os promover socialmente em muitos aspetos. Nesse particular sobressai a construção de uma ponte em granito sobre o Tâmega, angariando pessoalmente donativos em terras circunvizinhas e levando os moradores mais abastados a darem vultosas ajudas para as obras. O povo atribui-lhe muitos milagres ligados a esta construção.
Concluída a ponte, Gonçalo viveu ainda alguns anos dedicado à pregação e à vida de oração. Reza a tradição que Nossa Senhora lhe revelou o dia da sua morte para a qual se preparou com a receção dos Sacramentos da Igreja. O seu corpo, após a celebração das exéquias por sua alma, foi sepultado na ermida, continuando a efetuar-se muitos milagres, atribuídos à sua intercessão.
Mais tarde a primitiva ermida foi substituída por uma igreja. Sobre esta, em 1540, João III de Portugal determinou erguer o grandioso templo e convento que ainda hoje existe e que é monumento histórico da cidade de Amarante.
Fonte: Wikipedia
São várias as lendas associadas ao Beato Gonçalo. A escritora e professora Cidália Fernandes, compilou-as no seu delicioso livro “As pegadinhas de S. Gonçalo”, 2009 (ISBN 9789727706662). Aí poderá encontrar algumas das lendas associadas a São Gonçalo, que entre outro epítetos ficou conhecido como casamenteiro das velhas.
Deixo-lhe uma das canções mais conhecidas que lhe foram dedicadas, sugerindo-lhe que equilibre este momento profano com uma visita ao túmulo de S. Gonçalo na Igreja com o seu nome. A título curiosidade dir-lhe-ei que a célebre imagem a quem se puxava o cordão para conseguir casamento, se encontra na Sacristia e que já não é permitido puxá-lo. Parece que algumas pessoas o puxavam com tanta força que o Santo esteve várias vezes para “cair abaixo do altar”…
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