segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

UNIÃO FAMILIAR

RITA TEIXEIRA 
Sou daquelas pessoas que agem de acordo com o que dizem. Há valores fundamentais na vida que regem a nossa atuação na sociedade atual. Ao longo da minha vida, os meus pais transmitiram certos valores e eu fiz questão de educar meus filhos com os mesmos que fui educada. Família e amizade, acima de tudo. 

Viver com a cara lavada, significava integridade. Viver de acordo com as nossas posses, significava honestidade. Dividir o pouco que temos, significava solidariedade. Trabalhar até ao limite, significava garra. 

Vivemos com muitas provações, numa época de privações. Sentíamos o afastamento de familiares, que se julgavam superiores, por terem herdado alguns bens. Enquanto isso, eu e os meus irmãos herdamos o orgulho de possuirmos o fruto da tenacidade e a valentia dos nossos progenitores. 

À medida que crescíamos, éramos forçados a trabalhar, para contribuirmos para as despesas familiares. Desde cedo, aprendemos a cuidar de um pai com a doença de Parkinson e relembro que era eu, com oito anos, que ia à farmácia buscar os medicamentos, sendo eles, Madopar 1000g e Akineton retard.. Quantas vezes, recebíamos uma chamada telefónica das Padarias Reunidas, onde era escriturário, para ir buscá-lo, porque tinha caído e não tinha condições de permanecer no local de trabalho. 

Foi assim, a nossa infância, entre brincar no largo da Feira Nova, trabalhar, cuidar do pai e estudar. Fomos crescendo neste ambiente familiar. Sempre disponíveis para acompanhar o nosso progenitor. Entretanto, constitui a minha família e sempre fiz questão dos meus filhos visitarem os avós diariamente. Proporcionei-lhes momentos felizes com os netos. 

Hoje custa-me ver a minha mãe, com uma tristeza enorme, ansiosa, por ver os filhos que estão tão perto e tão distantes para a visitarem. Os meus filhos aprenderam que a família da mãe e a família do pai eram apenas uma família deles. Quando havia uma festa de aniversário eles convidavam os amigos e a família. Estavam familiares meus e familiares do pai. 

A união familiar requer entreajuda, afeição, amor e paz, muita paz! Viver sem a família é como sobreviver sem o ar que necessitamos para respirar.

Viver sem a união familiar é como estarmos à beira de um precipício e não saber como se salvar. Viver sem a união familiar é como caminhar sem o suporte de Deus, para nos amparar. Nesta fase da caminhada da vida, há familiares e amigos que se mantiveram unidos a mim, formando a minha família do coração! Esta união é o lampião da coragem, a vela da persistência, a lanterna do ânimo, o candeeiro da esperança, a lâmpada da fé. 

As estrelas são a luz dos familiares e a lua ilumina as pegadas de Deus a meu lado. Gratidão será sempre uma palavra dirigida a Deus, nosso pai!!!

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