CARLA SOUSA |
Este sentimento surge no meio das relações sociais e apesar de não ser um sentimento “prazeiroso” de se sentir, não tem que ser necessariamente negativo. Pode inclusive, estar associada a quadros de timidez.
A vergonha está relacionada com o Eu e com o Outro, e a forma como eu acho que o outro me julga.
Quando a vergonha se torna excessiva pode bloquear as relações interpessoais e conduzir a comportamentos de evitamento: evitar sair, evitar falar ao telefone, evitar contextos sociais…. Este evitamento pode conduzir à solidão e ao isolamento.
Sentimos vergonha diversas vezes na nossa vida. Quando fazemos algo de errado, quando recebemos críticas, quando sentimos que falhamos, quando não nos sentimos gostados…
A vergonha de si mesmo está associada a uma autoestima baixa, a pessoa sente-se “cheia de defeitos”: inferior, incapaz, feia, má, indesejada…
Deve-se perceber como é que estes sentimentos foram internalizados ao longo da vida, de modo a perceber a origem da vergonha.
Pode estar associada a críticas negativas e sentimento de rejeição por parte de pessoas significativas, a ausência de afeto ou cuidado ou até a bullying na adolescência.
A rejeição recebida pode não corresponder à rejeição real, pois normalmente, nestes casos, a auto-rejeição já está instalada. Ou seja, a pessoa que sente vergonha, pode, em jeito de auto-defesa rejeitar todas as pessoas de modo a evitar entrar em contacto direto com a importância de se sentir integrada e gostada, e o medo de ser rejeitada. Actua numa máxima de “perdido por cem, perdido por mil” ninguém”, “nunca niguém vai gostar de mim”, “eu não sou nada interessante”…
A pessoa que sente vergonha de si mesma é insegura, e compara-se aos outros na sua forma de vestir, falar, agir…
No entanto, convém perceber que aquilo que é vergonha para uma pessoa, pode não ser vergonha para outra. Está associada à nossa sociedade, educação, valores morais e formação. E pode ser sentida e experienciada forma muito diferente nestes contextos.
Na gíria popular usa-se muito a expressão “o sem vergonha”, “não tem vergonha na cara”, muito associado a opiniões morais sobre a pessoa. Pode dizer-se que, é melhor ter vergonha do que ser “sem vergonha”. Ninguém gostará de ouvir “tu não tens vergonha na cara”.
É normal sentir vergonha! É importante saber lidar com este sentimento de forma saudável de modo a que possamos manter boas relações e, para que possamos sentirmo-nos incluídos e lidar adequadamente com o sentimento de exclusão.
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