RITA TEIXEIRA |
Viver com. E.L.A é um desafio permanente para alguém que, na caminhada da vida, vagueou freneticamente, mas consciente da sua postura e conduta na sociedade atual.
Vivi para a família e para a profissão que escolhera desde criança. Vivia totalmente revoltada com a obrigação de exercer um cargo todo virado para a burocracia, desviando-me dos projetos com os alunos. A realização profissional ia fugindo dos meus dedos e a frustração tomava conta do meu corpo.
No final do ano letivo 2008/2009 completamente desgastada, viajei com o grupo folclórico, ao qual me juntara em 1993, à Suíça, no feriado do dia de Portugal.
Passei o verão entre exames médicos e saídas com o grupo folclórico. Embora, sentisse que o meu corpo se ia deteriorando, não havia nada a apontar qual seria a doença que afetava o corpo todo. Só em 2010 tive a confirmação da doença, num hospital nos. E.U.A.
Foi então que declarei guerra à doença. Pouco a pouco, fui-me apercebendo os sinais que Deus me enviava, sempre que tinha vontade de desistir.
Adoro ver a pessoa que sou, na busca e descoberta do meu verdadeiro “eu”. Fizeram me crer que eu era aquilo que não sou. Sou apenas diferente do tempo anterior à doença.
Vendo a retrospectiva da minha personalidade, continuo a comprovar que sou uma guerreira e, como tal, o meu lema, não desistir e baixar os braços, perante o espectáculo que é a nossa vida. Tenho a sabedoria para vencer grandes batalhas contra o curto tempo de vida. Já venci algumas, ou então já teria partido deste paraíso.
O meu êxito está nos pequenos momentos de isolamento, em total silêncio, entregue a Deus, que me escuta com a mão entrelaçada na minha, ajudando a superar as dificuldades que enfrento no caminho.
O meu sorriso estende-se ao coração dos outros, mostrando-lhes que, mesmo com esta doença, vale a pena viver. Perante as tempestades da vida, não me assusto com os trovões, porque, tal como as pessoas, fazem muito barulho, mas se ouvir com o coração, não me afetarão, pois terei a mão de Deus a livrar-me das suas consequências. Se olhar para o céu e vir os relâmpagos, tal qual, o fogo de artifício, não me assusto, pois é mais um fascínio da obra de Deus, a natureza.
Se apanhar aguaceiros não me preocupo, pois são as minhas lágrimas acumuladas nas nuvens, que se extravasam para acolherem muitas mais que surgirão com o decorrer do tempo.
Se os caminhos estiverem cobertos daquela neve tão branquinha, tal qual, a gelidez do coração de certas pessoas, não me preocupo, pois Deus aquece meu coração.
Não há tempestade nenhuma, que me impeça de ir avante na caminhada da vida!! Embora os sonhos simples tornados em impossíveis, por estar dependente de outros, guardei-os, a sete chaves, no baú das utopias.
Porém, continuo a ser uma eterna sonhadora, com a certeza, que os meus sonhos nunca se concretizarão. Simplesmente entro num mundo de faz de conta, com fantasia e magia, onde os sonhos se realizam, numa mente com imensa imaginação. Sonho, porque o sonho comanda a vida!
Silencio-me com um sorriso no rosto e entro no mundo dos sonhos. Aí, entro leve, de mansinho, deixando à entrada as sandálias da desistência e a manta da tristeza, calçando os sapatinhos da fantasia e vestindo o manto da fé. Deitei-me sobre a minha manta dos afetos, adormeci e... sonhei!!
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