domingo, 26 de fevereiro de 2017

I(LÓGICA) FEMININA

LUÍS ARAÚJO
Nas coisas indefiníveis no mundo, a (falta) de lógica feminina aparece a brilhar estratosférica lá no alto, poderosa, cheia de vaidade e com um toque de rimmel e blush. Vem desde tempos imemoriais a natural incapacidade para o homem, qualquer homem, conseguir entender mesmo as coisas mais simples inerentes ao universo feminino. Isto, claro, falando metaforicamente, pois não há nada, mas mesmo nada, que possa ser epitetado como “simples” no universo feminino, um mundo complexo e intrincado que faz com que qualquer homem se borre de medo só pela mera sugestão de um hipotético contacto com esta realidade obscura, tenebrosa, e de putativo aspecto dócil, o que qualquer biólogo - mesmo tendo feito o curso por equivalências e com um diploma passado num domingo - de pronto identificará como características inerentes às plantas carnívoras, aquelas que atraem um insecto para o seu interior deleitando-se depois a consumi-lo devagarinho, muito lenta e sistematicamente. De forma desconcertante é a este mundo que se devem dos maiores feitos jamais alcançados pela humanidade, o pânico, o medo visceral, o terror permanente da actividade conjugal, sem sombra de duvida, fizeram com que Edmund Hillary se escapasse para o topo da montanha mais alta que encontrou, Yuri Gagarin fugisse para o espaço, Alan Shepard só encontrasse sossego a jogar golfe na Lua e Don Walsh e Jacques Piccard se refugiassem no fundo da Fossa das Marianas. Após 3, 4milhões de anos, desde o Paleolítico até aos nossos dias a evolução foi... Zero! Ora 3,4 milhões de anos de sabujisse masculina colocam uma pedra bem pesada na velha questão do género dominante. O que é uma modernice muito porreiraça, eu ainda me lembro dos tempos em que as pessoas tinham sexo e eram só dois, agora têm género e são vários, esperemos que as mesmas modernices que acabaram com o sexo não extingam também as posições todas do kamasutra, chutando os géneros futuros para uma vida de asséptica monotonia. E, veio-me isto de repente à memória porque tive uma conversa suis generis com um elemento do belo sexo, que hoje em dia é o belo género, uma amiga minha que estava muito irritada porque um ex-namorado/amante/amigo colorido a tinha “desrespeitado”, o que é uma nova moda com toda a certeza, pois há imensas mulheres que se sentem “desrespeitadas”, ainda não percebi muito bem é porque é que grande parte delas vem desabafar comigo, reconhecidamente a pessoa menos sensível num raio pelo menos daqui até à Nova Zelândia. Antes que a pudesse interromper, fazendo-lhe ver delicadamente que, apesar de ter imenso prazer em ouvir os seus devaneios inconsequentes, tinha marcada uma cirurgia para doar um pulmão a um refugiado de Lampedusa, sou assoberbado com detalhes que me fizeram desejar fazer a doação de um pulmão sem anestesia. Após alguns (muitos) minutos de baba e ranho fico ciente de que esta minha amiga tinha decidido enviar várias mensagens - que fariam enrubescer uma corista da Praça Pigalle - ao tal ex-namorado/amante/amigo colorido e que este, após uma catadupa de mensagens que se estenderam por mais de uma hora e que culminaram numa descrição demasiadamente detalhada da maneira como uma certa parte da anatomia feminina se encontrava livre de toda e qualquer penugem, lhe solicitou uma fotografia... Pelos vistos um gesto altamente desrespeitador, porque ele sabia que ela tinha um namorado. Aqui chegado parece-me que há uma certa confusão na mente feminina, a confusão inerente a alguém que acha que pode estar durante uma hora a fazer sexting e depois fica muito chocada por lhe ter sido pedida uma fotografia. O problema dos fracos e oprimidos reside precisamente nisto, no facto de abusarem do estatuto de fracos e oprimidos, relembro-me de num dos cursos termos um colega de cor que muito divertia a aula porque de cada vez que tirava uma negativa dizia que o professor era racista, ou daquela mãe que não deixava ninguém tocar no filho por serem todos “pidófilos”, do mesmo modo esta minha amiga acha que pode provocar até à medula alguém e depois sentir-se muito ofendida, seja com o que seja. E é nesta altura que dou por mim a lamentar ter terminado esse belo hábito do “chapadão nas ventas”, seja a mulheres ou a homens, porque voluntários não faltam.

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