quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A ERA DOS AFETOS VIRTUAIS

RAQUEL EVANGELINA
Vivemos numa sociedade cada vez mais dependente do mundo virtual e das redes sociais. Contra mim falo que sou adepta destas andanças portanto a carapuça também me serve. Sendo a minha área de formação a Comunicação até vejo com bons olhos estas ferramentas. São ótimas para a propagação da informação e para estarmos em contacto com quem temos do outro lado do mudo. Facilitou imenso o mundo da comunicação. E é um meio muito útil desde que seja utilizado com cabeça. (Como praticamente tudo nesta vida).

O grande contra destas redes é que apesar de facilitar a comunicação a quem está distante forma abismos a quem está lado a lado. Quantas e quantas vezes vamos a cafés e vemos grupos de amigos todos reunidos cada um a olhar para o seu telemóvel. Casais que não falam e ficam ali duas horas cada um no seu telemóvel. È que nem sequer mostram um ao outro o que estão a ver. Eu também uso o meu telemóvel quando estou no café com os amigos. Mas normalmente é para mostrar uma foto que tirei ou uma publicação que vi. Não estou lá toda a vida no telemóvel. Para isso deixava-me estar em casa.

Infelizmente vivemos para os likes. Queremos mostrar que temos a vida perfeita e a nossa felicidade é um pouco medida na quantidade de likes que recebemos. Se metemos uma foto e tem poucos likes somos feias. Até podemos ser super bonitas mas sentimo-nos as pessoas mais feias do mundo. Se em compensação metemos uma foto meias despidas e até nem somos lá muito bonitas, cuidado, que é só chover likes e “linda” nos comentários. E ficamos com a sensação que somos a melhor do pedaço mesmo que lá no fundo saibamos que tapadinhas nem metade dos likes tínhamos. Outra coisa que me faz confusão é quando todos estão lá para nós. Mas o lá resume-se ao facebook porque depois quando realmente precisas dessas pessoas quase nenhuma aparece.

Adianta de alguma coisa ter 500 likes numa foto e imensos comentários de rapazes a dizer que és linda e não sei quê e depois não teres um à tua beira que quando acordas de manhã super despenteada e cheia de olheiras te olha como se realmente fosses a tipa mais gira à face da terra? Adianta ter montes de mensagens de apoio de pessoas quando depois se precisares e chamares ninguém vem? Ninguém vive de afetos virtuais. O amor até pode alimentar mas não o virtual. Tudo bem que devas partilhar, publicar, comentar e “likar” o que quiseres e bem te apetecer. Eu também partilho imensa coisa, umas mais sérias outras nem tanto. Mas lembra-te que 500 likes não substitui um abraço. Não te adianta publicares algo a identificar uma pessoa e a bradar ao céu o quanto a adoras se depois nem te dignas a sair de casa para estar com ela. Ou estás sempre a adiar o café. E mais importante, caso não adies o café pousa o telemóvel. E dá atenção. Não há detalhe mais bonito que podes dar a uma pessoa que a atenção.

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