INÊS LOPES |
Às vezes tudo parece exagerado. O quão complicada nós fazemos a vida, ou o quão complicados ela nos faz a nós. Flutuamos num oceano, sujeitos a tempestades, afogamentos, que nos fazem enfrentar a escuridão repentina após um dia tão sólido e claro. Perdemos os sentidos e o piso onde todos os dias nos costumávamos sentar com tanta serenidade.
Tudo complica.
Por vezes, embrenhados nessa complicação, lembramo-nos de parar por um momento e olhar para algo diferente daquilo que está sempre a puxar os nossos olhos para longe, longe, longe.... basta olhar o céu e todas as suas tonalidades onde nos derretemos por um breve segundo, para sentirmos a liberdade que se esconde debaixo da areia profunda onde chegamos quase sem fôlego. E, do nada, tudo é muito mais simples. Tudo muda no instante mais improvável. E saímos do nosso corpo. Da nossa vida. E, quando saímos, vemos onde estamos claramente. E sentimos. Sentimos a escuridão que já sentimos, e sentimos as tonalidades claras que se evolam agora em nós.
Porque sentir é isto. Apesar do quão perdidos andemos por aqui... É quando sentimos tudo o que (já) sentimos.
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