sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

PERMITA-SE EVOLUIR

JOSÉ CASTRO
Num mundo tecnologicamente avançado e interligado, em que o simples esquecer do telemóvel causa alguma “ansiedade”, constata-se que estas mesmas tecnologias quando incorretamente utilizadas originam “problemas mentais”, levando a que por exemplo, a “adição a jogos virtuais” seja incluída na lista de doenças (CID11 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, a sair este ano) da Organização Mundial de Saúde.

Num outro tipo de jogos, “jogos e apostas online,” em Portugal existem mais de 13 mil jogadores que querem “fugir” do vício! A atividade de “jogos e apostas online” geraram em 2017, cerca de 122,5 milhões de euros de receita bruta! Existem cerca de 800 mil registos de jogador, que não correspondem linearmente ao número de jogadores, pois cada um pode estar inscrito em uma ou mais entidades exploratórias legais! Sem contar as ilegais (o que poderá ser ainda mais grave)!

Os “problemas mentais” estão infelizmente na ordem do dia, sendo Portugal um dos países líderes da União Europeia!

A depressão (a doença mental do séc XXI e principal fonte de suicídios), tem aumentado a nível mundial e nacional. O registo nos Cuidados de Saúde Primários (CPS), segundo o Programa Nacional para a Saúde Mental de 2017, para Perturbações Depressivas em Portugal Continental, teve uma variação entre 2011-2016 de 74,5%. Provavelmente este não é o progresso que desejávamos…

Que está acontecer? Se os estados depressivos e potenciais suicídios (para-suicídios) ocorrem mesmo quando a sobrevivência e a segurança estão alegadamente garantidas (Pirâmide de necessidades/motivações de Maslow), que está a falhar? Será meramente o Ser Humano um conjunto de neurotransmissores e hormonas que nos comandam aleatoriamente? Retirando os casos em que falhas orgânicas impedem o “estado normal,” que se poderá fazer nas outras situações a título preventivo? Afinal o aumento de conhecimento e investigação na Saúde Humana é só para aplicar nos tratamentos? Para o aumento da produção e venda de medicamentos? ! É preciso as coisas “baterem” no fundo (sempre arrastando vítimas) para se Prevenir? Infelizmente procura-se atuar quase sempre no final da cadeia, quando a recuperação é quase impossível.

Um dos pontos-chave para a prevenção do “problema” será o promover desde a infância a conquista dos patamares mais elevados da pirâmide de Maslow, ou seja, o alcance da realização pessoal e posterior realização profissional. E nesta procura, terão obrigatoriamente de constar comportamentos conducentes ao bem-estar Físico, Mental, Social e Espiritual. 

O mundo tecnológico afastou o ser humano de si mesmo, da natureza, do diálogo com os outros (de forma presencial), da interajuda, do abraço fraterno! Cada vez mais, há plataformas digitais para prender o cidadão, da forma que quer e como quer, mas ao mundo “virtual”

Há pois que reconquistar aquilo que foi perdido!

Em primeiro lugar relacione-se consigo e ame-se, jamais se prejudicando conscientemente! Deixe o passado no passado, centre-se no hoje e prepare o amanhã! Aceite o que ocorreu e que não podia mudar! Caminhe na sua superação contínua, tornando-se um ser cada vez mais completo e pleno de felicidade! Um Ser com discernimento, com Sentido e Propósito de Vida.

Em segundo lugar relacione-se e ame o próximo (todos os Seres). Afinal, precisamos dos outros para evoluir. São eles que mexem cá dentro (para o melhor e o pior), permitindo pôr à prova a nossa inteligência emocional! No seu tempo livre saia de casa, desprenda-se daquilo que o faz apenas “perder tempo”. Faça atividade física e respire ar puro… Faça acontecer algo para alguém desconhecido, para algum Ser. Faça voluntariado, seja na causa animal, humana ou ambiental! Mas faça! Envolva-se na construção de um mundo melhor, na prática da cidadania, que é um dever de todos os cidadãos.

Em terceiro lugar relacione-se com o que de mais transcendente “conhece”. A fonte ou causa de tudo. Aquiete seu coração e sua mente! Esteja grato por tudo! Por aquilo que (ainda) é, por tudo o que tem (ou lhe foi permitido usufruir), por todas as oportunidades de fazer mais e melhor… Não se “prenda” doentiamente a nada, pois afinal, um dia só vai levar aquilo que fez acontecer em si para evoluir em essência e o que proporcionou de melhor aos outros Seres.

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