TÂNIA AMADO |
Acordar às 6h30 da manhã, levantar os 206 ossos da cama, tomar um copo de água morna com limão e tratar dos gatos.
Abrir as janelas para deixar a casa respirar, preparar a roupa, tomar o pequeno e um balde de café vasculhando a preenchida agenda. Arranjar os snacks para as 3 a 5 refeições leves, saltar para o chuveiro e vestir, esquecendo os penteados complicados, muitas pinturas ou penduricalhos. Valha-nos Deus que alguém olhe para nós sem eles.
Conduzir de sorriso aberto sem se deixar influenciar pelos maus humorados ou pressões de vendedores. Espreitar 2 ou 3 noticias do dia, de forma a saber se a bolsa colidiu ou se houve algum massacre humano por perto.
Trabalhar. Trabalhar. Trabalhar.
O almoço é a grande refeição e talvez ler as mensagens ou devolver telefonemas que vão ficando para por responder.
Trabalhar. Trabalhar. Trabalhar.
Guardar 1h por dia para respirar, fazer exercício, croché ou nada fazer - organizando e libertando os pensamentos.
Pausar na segunda grande refeição, agora mais leve, partilhada com os mais próximos sem deixar de verificar o stock necessário ao dia seguinte.
Ah, esqueci-me de referir as 100 mastigadelas em cada uma das garfadas serem fundamentais para a boa silhueta.
Ao fim do dia a higiene básica: o fio dental, massagear as gengivas, escovar a língua, bochechar o flúor bucal e a máscara para a cara.
Com as crianças na cama delas chega a hora do amor regular para os adultos. E sem cair na rotina. Ser inovador, criativo para renovar o desejo. E, cruzes canhoto, sexo tântrico apenas ao fim-de-semana…
Ao deitar: ler, ler e ler até cair nas 8h de silêncio dos anjos.
Aos fim-de-semana as belas idas às compras, ao cinema, ao teatro, a um concerto, festas de aniversário, almoços de família, organizar a casa, fazer jardinagem, experimentar receitas apuradas, ouvir o novo disco do Tiago Bettencourt com um vinho de 10 euros e alimentar as amizades. Porque estas são como uma planta: devem ser regadas regularmente, o que me faz pensar: “quem vai cuidar delas quando formos viajar”.
Ter amigos que sejam a família, os que valorizam o tempo sem pressões ou amuos. Dia-a-dia optar por 1h de televisão ou um bom hobbie. Ouvir radio no carro e ler o jornal ao fim-de-semana. Não usar as promoções, não responder a vídeos ou mensagens de correntes e ser curto nas conversas virtuais.
Beber um vinho, ter um companheiro que cozinhe bem e comer uma taça de morangos com ele… à lareira, com esta dentro do quarto ou na sala caso as crianças fiquem com os amigos.
Largar o que cria desconforto, desvalorizar quem insiste em viver desagradado e adicionar um contacto no telemóvel com o nome “não atender” para todos os que não respeitem o livre arbítrio.
Desligar quaisquer sons, notificações dos telemóveis e manter contacto com quem nos procura e nos quer bem.
E ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teríamos um Danoninho e uma colherada de leite de magnésio ao acordar e ao deitar.
Agora tenho que ir.
É fim do dia, e depois de terminar o copo de vinho e a maçã … Tchau!
Viva a vida como um gato de bom humor, já que o cão aceita tudo o que lhe derem!
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