sábado, 7 de outubro de 2017

OS CÃES ACEITAM TUDO. JÁ OS GATOS NÃO.

TÂNIA AMADO
Acordar às 6h30 da manhã, levantar os 206 ossos da cama, tomar um copo de água morna com limão e tratar dos gatos.

Abrir as janelas para deixar a casa respirar, preparar a roupa, tomar o pequeno e um balde de café vasculhando a preenchida agenda. Arranjar os snacks para as 3 a 5 refeições leves, saltar para o chuveiro e vestir, esquecendo os penteados complicados, muitas pinturas ou penduricalhos. Valha-nos Deus que alguém olhe para nós sem eles.

Conduzir de sorriso aberto sem se deixar influenciar pelos maus humorados ou pressões de vendedores. Espreitar 2 ou 3 noticias do dia, de forma a saber se a bolsa colidiu ou se houve algum massacre humano por perto.

Trabalhar. Trabalhar. Trabalhar.

O almoço é a grande refeição e talvez ler as mensagens ou devolver telefonemas que vão ficando para por responder.

Trabalhar. Trabalhar. Trabalhar.

Guardar 1h por dia para respirar, fazer exercício, croché ou nada fazer - organizando e libertando os pensamentos.

Pausar na segunda grande refeição, agora mais leve, partilhada com os mais próximos sem deixar de verificar o stock necessário ao dia seguinte.

Ah, esqueci-me de referir as 100 mastigadelas em cada uma das garfadas serem fundamentais para a boa silhueta.

Ao fim do dia a higiene básica: o fio dental, massagear as gengivas, escovar a língua, bochechar o flúor bucal e a máscara para a cara.

Com as crianças na cama delas chega a hora do amor regular para os adultos. E sem cair na rotina. Ser inovador, criativo para renovar o desejo. E, cruzes canhoto, sexo tântrico apenas ao fim-de-semana…

Ao deitar: ler, ler e ler até cair nas 8h de silêncio dos anjos.


Aos fim-de-semana as belas idas às compras, ao cinema, ao teatro, a um concerto, festas de aniversário, almoços de família, organizar a casa, fazer jardinagem, experimentar receitas apuradas, ouvir o novo disco do Tiago Bettencourt com um vinho de 10 euros e alimentar as amizades. Porque estas são como uma planta: devem ser regadas regularmente, o que me faz pensar: “quem vai cuidar delas quando formos viajar”.

Ter amigos que sejam a família, os que valorizam o tempo sem pressões ou amuos. Dia-a-dia optar por 1h de televisão ou um bom hobbie. Ouvir radio no carro e ler o jornal ao fim-de-semana. Não usar as promoções, não responder a vídeos ou mensagens de correntes e ser curto nas conversas virtuais.

Beber um vinho, ter um companheiro que cozinhe bem e comer uma taça de morangos com ele… à lareira, com esta dentro do quarto ou na sala caso as crianças fiquem com os amigos.

Largar o que cria desconforto, desvalorizar quem insiste em viver desagradado e adicionar um contacto no telemóvel com o nome “não atender” para todos os que não respeitem o livre arbítrio.

Desligar quaisquer sons, notificações dos telemóveis e manter contacto com quem nos procura e nos quer bem.

E ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teríamos um Danoninho e uma colherada de leite de magnésio ao acordar e ao deitar.

Agora tenho que ir.

É fim do dia, e depois de terminar o copo de vinho e a maçã … Tchau!

Viva a vida como um gato de bom humor, já que o cão aceita tudo o que lhe derem!

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