sexta-feira, 27 de outubro de 2017

ASSIMETRIAS REGIONAIS

JOÃO RAMOS
A teoria económica convencional sugere que as assimetrias regionais são reduzidas, ao longo do tempo, através dos investimentos realizados pelas regiões mais ricas nas áreas mais pobres. No entanto, o seculo XX refuta por completa esta teoria, uma vez que a diferença de rendimentos tende a aumentar, dentro dos países e dos blocos comerciais, como a União Europeia, via periferia, centro. As divergências regionais apresentam consequências significativas para a sociedade. Em determinado locais do interior, as oportunidades escasseiam, a saúde das populações é pior, as chances de ascensão social são limitadas e os rendimentos mais baixos. Estima-se que, caso a produtividade entre regiões fosse semelhante, o PIB global duplicaria. Grande parte do problema resulta da ineficiência das políticas públicas, que no caso nacional, promovem a litoralização das atividades económicas, deixando o interior ao abandono.

Neste aspeto, os governos deveriam criar incentivos à mobilidade de populações e empresas através da construção de novas infraestruturas, vias de comunicação, isenções fiscais e da flexibilização das transferências de local de trabalho. Os fundos estruturais falharam na prossecução destes objetivos, tornando as regiões dependentes dos subsídios, que quando se esgotam, voltam ao patamar económico, em que se encontravam no início dos programas de apoio. Neste sentido, os governos devem promover a difusão do conhecimento e tecnologia através da construção de polos universitários, em regiões desfavorecidas, que concedam apoio técnico às pequenas e médias empresas. Além disso, seria indispensável apostar no atracão de investimentos estruturantes, como a Auto-europa, que criam à sua volta, um cluster de empresas, facilitando a difusão de conhecimento e a melhoria da produtividade. Na Alemanha, existem programas específicos que direcionam cerca de 30% de todo os investimentos em investigação e desenvolvimento para as instituições de ensino, que desenvolvem tecnologia e apoio para as empresas de regiões pobres. Um país mais equilibrado é um país mais justo, mais próspero e menos propenso a desastres naturais.

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