MOREIRA DA SILVA |
Marchando ao som ritmado de cantigas transmitidas através da rádio, os militares saíram das casernas para serem os atores principais do golpe militar de 25 de abril de 1974, que derrubou o regime político autoritário do Estado Novo que vigorou no país durante 41 anos. Foram militares dos vários ramos que devolveram a liberdade ao país, como também foram militares, através de um pronunciamento de cariz nacionalista e antiparlamentar, que derrubaram em 1926 a Primeira República e abriu as portas à ditadura implantada em 1933.
O regime do Estado Novo defendia a preservação de valores tradicionais e fazia uso de todos os meios para reprimir as tentativas de transição para a democracia. O Movimento das Forças Armadas, que protagonizou o golpe de 25 de abril e devolveu a liberdade ao país escolheu 3 D’s para sintetizar os seus ideais: Descolonização; Desenvolvimento e Democratização.
A descolonização foi efetuada à pressa e à custa do sofrimento de muitos portugueses, com problemas que surgiram na engrenagem de um processo complicado, mas deu origem a novos países independentes com os quais partilhamos hoje projetos de cooperação e afirmação da lusofonia no mundo. No processo de descolonização houve trapalhada a mais e disparates em exagero que se pode afirmar que a descolonização foi um descalabro.
O desenvolvimento atingiu níveis consideráveis, o país progrediu imenso e o bem-estar dos portugueses melhorou significativamente, embora na comparação com outros países europeus continuamos na cauda dos principais indicadores de desenvolvimento económico e social. A integração de Portugal na UE foi um facto muito positivo, pois abriu o país ao mundo e ajudou Portugal a transformar-se e a ficar muito diferente para melhor. Lamentavelmente, o país ainda se situa entre os países com maior desigualdade social, com maiores níveis de pobreza e exclusão social, por isso precisa de apostar em políticas de desenvolvimento que fomentem a criação de riqueza, que promovam mais crescimento económico.
A democratização do país sempre foi um dos principais objetivos de abril, por isso a democracia foi restabelecida e consolidou-se de imediato. Um ano após o 25 de abril de 1974, os portugueses votaram pela primeira vez em liberdade desde há muitas décadas. Nos dois anos seguintes houve atos eleitorais que elegeram deputados para a Assembleia Constituinte, para a Assembleia da República, para a Presidência da República e para as Autárquicas.
Em 43 anos de democracia, os portugueses já foram chamados a votar livremente por 44 vezes: Assembleia Constituinte (1); Assembleia da República (14); Presidência da República (9); Parlamento Europeu (6); Autárquicas (11); Referendos Nacionais (3): Interrupção Voluntária de Gravidez (2) e Regionalização (1).
Assim se cumpre Abril, com atos eleitorais em que o povo decide o que deseja para a sociedade, no caso dos referendos ou faz eleger livremente os seus representantes, como agora nas eleições autárquicas.
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