terça-feira, 24 de outubro de 2017

RESPONSABILIDADE

MIGUEL TEIXEIRA
Constança Urbano de Sousa, Ministra da Administração Interna não tem culpa das centenas de ignições que transformaram o centro e o norte do país num "mar de fogo", das alterações climáticas que nos impõem um outubro anormalmente quente, ou da criminalidade organizada que vive à custa dos incêndios. No entanto, 4 meses depois de Pedrógão, há testemunhos "assustadores" e credíveis que nos dizem que, mais uma vez, as comunicações falharam, ( o Siresp parece não servir para coisa nenhuma, porque falhou mais uma vez) houve uma completa descoordenação nas operações de combate e socorro e mais uma enorme e horrível tragédia a lamentar com pelo menos 37 mortos. Essa descoordenação já ficou clara, nas conclusões do relatório da Comissão encarregue de apurar a tragédia de Pedrógão, (estrutura nomeada pelo próprio governo), conhecido na semana passada. O ter retirado meios do terreno no início de outubro, tendo que os repor com urgência, numa situação tão dramática como esta, também não ajudou nada a criar um ambiente de tranquilidade e segurança. Numa situação tão grave como a que sucedeu no dia 15 de outubro passado, é fundamental com calma e serenidade que o governo retire ilações políticas. Por muito menos área ardida e sem vítimas mortais, assisti enquanto Deputado no Verão de 2001, à exoneração de Fernando Gomes como Ministro da Administração Interna por parte do então Primeiro Ministro António Guterres. No meu entendimento, penso que a Ministra da Administração Interna deveria sair por opção própria, poupando a imagem de António Costa e a mais que provável fragilização do governo que se vai aprofundar se a governante não sair. Mas deveria sair também toda a estrutura de comando da Proteção Civil que seguramente não terá estado, mais uma vez, à altura da situação. Numa situação destas, assumir uma postura eminentemente partidária e defender que a Ministra deve ficar, nem que "chovam pedras", não é uma atitude sensata, porque acabará por prejudicar a imagem de todo o governo. Só não visualiza essa situação, quem analisa a difícil realidade que atravessamos, com mais de três dezenas de pessoas para sepultar, sob um prisma eminentemente partidário. Nem considero que essa postura ajude o Governo a lidar com esta tragédia.


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