ALINA SOUSA VAZ |
Reconhecer quem somos e de onde vimos é das atitudes mais
nobres que o ser humano pode ter para consigo próprio. Ao reconhecer-se
estrutura a sua identidade e fortalece a sua postura perante a sociedade em que
se insere.
Nenhuma comunidade é mais importante do que outra, embora o
desenvolvimento económico e cultural a possa classificar como tal. Independentemente
desta classificação valorizar o que nos identifica coloca-nos como personagens
principais de uma ação: a grandeza da Portugalidade.
Numa época em que as referências identitárias denotam
fragilidade, a dinâmica individual e coletiva é primordial para preservar o
legado deixado pelos antepassados. Hoje, o “antigo” está na moda e o esforço
das direções regionais da cultura, os municípios e as associações têm-se aliado
na promoção das memórias ancestrais. Apesar da volubilidade dos tempos modernos
é importante revitalizar as tradições o conhecimento e técnicas seculares, as receitas, as
mezinhas, as lendas, as canções, as anedotas, as crenças, as denominações, os
rituais… pois só desta forma se transmitirá aos vindouros as suas origens. Assim,
o património tem a qualidade de configurar o imaginário coletivo e daí atuar
como elemento gerador da imagem e da identidade territorial.
Em Vila Real nota-se o esforço e a vontade de revitalizar
esse legado e quem não se apercebe disso está “out”. A (re)construção de
memórias e identidades como recurso estratégico dos processos de requalificação
são, também, suporte de iniciativas de educação patrimonial e oportunidade de
envolver a sociedade na compreensão da estruturação dos seus territórios. Pedroso (l999) enfatiza a importância de se conhecer as
próprias raízes. "Quem não vive as próprias raízes não tem sentido de
vida. O futuro nasce do passado, que não deve ser cultuado como mera recordação
e sim ser usado para o crescimento no presente, em direção ao futuro. Nós não
precisamos ser conservadores, nem devemos estar presos ao passado. Mas
precisamos ser legítimos e só as raízes nos dão legitimidade".
O orgulho em ser vilarrealense parece notar-se aos poucos
nos habitantes. Reconhecem que há muito por fazer, mas regozijam coletivamente
as características ímpares que nos identificam e que pareciam estar
adormecidas. Hoje todos valorizam a “crista de galo”, “o covilhete” ou até o
barro de bisalhães. As freguesias recuperam procissões, jogos populares e
tradições que deram vida outrora às localidades. Não há nada que pareça estar
fora de moda, tudo é recuperado e é considerado “in”. Mas o mais importante é
que tudo vá acontecendo, para que coletivamente consigamos aprender deixando
aos vindouros raízes mais sólidas.
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