domingo, 17 de abril de 2016

ANSIEDADE

CLÁUDIA SILVA
A ansiedade é uma característica biológica do ser humano, um processo físico que nos mantém em alerta, criando no nosso corpo um estado de vigília no qual todo o mesmo fica preparado para reagir a agressões exteriores e o cérebro fica com maior agilidade de raciocínio, numa tentativa de, perante o medo, conseguir encontrar uma solução. Todos nós somos ansiosos em determinados momentos da vida. Certos graus de ansiedade podem ser considerados benéficos, preparando o individuo adequadamente para responder a tarefas quotidianas. A Lei de Yerkes-Dodson (1908) diz-nos que existe um ponto ótimo de ansiedade necessário para a melhor realização de uma tarefa, ou seja, até um determinado ponto melhora o nosso desempenho; em contrapartida o aumento desse grau, provoca a redução do desempenho. Deste modo, em determinados níveis, a ansiedade é adaptativa, uma vez que tem a capacidade de aperfeiçoar ou potencializar recursos do individuo, em frente às exigências do meio. 

A ansiedade vital torna-se doentia quando contrai o prazer de viver, a criatividade, a generosidade, a afetividade, a capacidade de pensar antes de reagir e a habilidade de se reinventar. 

Um dos mecanismos psíquicos que mais transformam essa ansiedade vital numa ansiedade asfixiante é a hiperconstrução de pensamentos. As pessoas que evidenciam sintomatologia ansiosa tendem a demonstrar erros cognitivos, como generalização excessiva (uma experiência negativa é transformada numa lei que governará a sua vida), ignorar o que de positivo acontece na vida, e dramatização dos acontecimentos negativos. Apresentam também tremores, falta de ar, aumento dos batimentos cardíacos, sudorese, alterações gastrointestinais, hipertensão, secura de boca, pulso acelerado, transpiração, taquicardia, inquietação, formigamento, palpitações, tremores, desconforto abdominal e urgência urinária.

Segundo o relatório Portugal - Saúde Mental em Números 2014, as perturbações do foro psiquiátrico são as que mais contribuem para a perda de anos de vida saudável; tendo as perturbações de ansiedade uma posição de relevo (16,5%). 

O tratamento dos transtornos de ansiedade é baseado nas preferências dos pacientes, na severidade da doença, nas doenças concomitantes, nas complicações com o uso de outras substâncias, no risco de suicídio e no histórico de tratamentos anteriores.

Para intervir na sintomatologia ansiosa, deve reconsiderar o seu modo de vida, através da realização de relaxamento muscular e respiração abdominal; organização do dia seguinte, respeitando as tarefas a cumprir e as prioridades; personalização do ambiente de trabalho, tornando-o mais agradável; realização de atividade física; controlo regular de sono; realização de alimentação equilibrada; e, restruturação cognitiva. Para alcançar este último, é necessário ter conhecimento que os nossos pensamentos influenciam as nossas emoções e os nossos comportamentos; em seguida, identificar todos os pensamentos disfuncionais e, por fim, estudar alternativas viáveis para cada um desses pensamentos. 

Você sabe que chegou ao cúmulo da ansiedade quando fica ansiosa até pra ansiedade passar.
Tati Bernardi

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