domingo, 10 de abril de 2016

JESUS VISTO DE FORA

João Teixeira
1.Acerca de Jesus, houve quem abrisse — há cerca de dois séculos — um prolongado contencioso entre a fé e a história. A suspeita recai, desde logo, sobre as bases de trabalho. 2.As fontes mais conhecidas têm na sua origem círculos próximos de Jesus. Em princípio, este factor devia acrescentar credibilidade. Para alguns, porém, retira isenção. 3.À partida, quem está perto vê melhor. Mas não falta quem alegue que ser próximo é ser parcial. Os evangelhos foram escritos por pessoas que acreditavam em Jesus. É compreensível, mas, segundo diversos peritos, terá os seus inconvenientes. 4.Dizem que a fé «fabrica» uma realidade para lá de qualquer verificação histórica. Sob este ponto de vista, acreditar levaria a amplificar exponencialmente os cometimentos e a exaltar até ao extremo quem os praticou. 5.Ninguém contesta que os evangelhos são um género literário específico. Como bem sintetizou John Dominic Crossan, eles «foram escritos pela fé, para a fé e a partir da fé». 6.Estritamente falando, os evangelhos não são compêndios de história. Mas é indiscutível que contêm preciosos contributos para a história. Alguém nega que é pelos evangelhos que temos acesso aos principais momentos da vida de Jesus? 7.Mas, já agora, que se diz sobre Jesus fora dos ambientes cristãos? A poeira dos tempos muita coisa terá engolido. Mas, mesmo assim, alguns dados conseguiram chegar até nós. 8.Tácito, historiador romano, refere que «Cristo foi executado no reinado de Tibério pelo procurador Pôncio Pilatos». O Cristianismo, que ele (des)qualifica como «execrável superstição», apesar de reprimido, estendeu-se pela Judeia e foi anunciado na própria cidade de Roma. 9.Por sua vez, Flávio Josefo, historiador judaico, apresenta Jesus como «um homem sábio, autor de actos extraordinários e mestre de pessoas que aceitavam a verdade com agrado». Foram «muitos os judeus e também os gregos que Ele ganhou para a Sua causa». 10.Embora Pilatos O tenha condenado a morrer na Cruz, «as pessoas que O tinham amado antes não deixaram de o fazer depois, pois Ele apareceu-lhes novamente vivo ao terceiro dia, milagre este, tal como outros em número infinito, que os divinos profetas tinham predito acerca d’Ele». Em finais do século I, «ainda não tinha desaparecido a raça dos cristãos». Vinte séculos depois, esta mesma «raça» continua a espalhar-se por todo o mundo!

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