quinta-feira, 27 de julho de 2017

QUANDO A PESSOA TEM PERTURBAÇÃO OBSESSIVO-COMPULSIVA

VANESSA MIMOSO
Certamente que já ouviu falar de pessoas que verificam inúmeras vezes as portas, as janelas e o fogão, que lavam repetidamente as mãos, que perdem muito tempo na limpeza da casa, que exigem ter as coisas muito “arrumadinhas” (quase alinhadas) ou que têm grande dificuldade de descartar papéis, roupas ou objetos que não têm mais utilidade.

A pessoa sofre de uma “angústia profunda” dada a quantidade de pensamentos negativos e excessiva preocupação com a sua saúde, limpeza da casa e contaminação. Para se tornar mais explícito seguem alguns excertos, a título de exemplo: 

- “Todas as noites a sua maior preocupação é que vai ser assaltado. Passa às vezes 2 horas a pensar que vai ser assaltado e diz que alguns minutos após começar esta sua preocupação, começa a imaginar “dois homens a entrar dentro de casa, armados, e a amarrarem-me numa cadeira e roubarem tudo”. Estas imagens provocam um grande medo dentro dele e começa a andar pelo seu apartamento a “fechar/abrir/fechar” as precianas até que sinta que estão “perfeitamente cerradas”. Depois tranca a porta de casa 3 vezes para certificar que a porta está “realmente trancada”. Quando se deita na cama, começa a ter novamente pensamentos em relação à sua segurança, “será que tranquei bem a porta da entrada”, “será que a preciana da cozinha ficou aberta”. Fica cheio de dúvidas, levando-o a levantar - se de novo para verificar estas questões. Consegue adormecer mas só depois de se levantar da cama, em média 3 a 4 vezes depois de se ter deitado”.

- “Prepara-se para dormir executando o ritual diário de preparação para se deitar, que demora à volta de 45 minutos. Inicialmente, ele estica várias toalhas no chão da casa de banho “para não se sujar com o chão”. Após usar a casa de banho limpa tudo com lixívia de modo a garantir que elimina todos os germes. E ainda não satisfeito, gosta de passar um pano com álcool para sentir que está “verdadeiramente limpa”.”

Muitas das vezes, este tipo de comportamentos são motivo de gozo por parte dos amigos/colegas e de discussões com os familiares que não compreendem o porquê de a pessoa não deixar de ter essas preocupações e repetir esses atos.

Em suma, a Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) é caracterizada por alterações no pensamento (obsessões), no comportamento (compulsões ou rituais) e emocionais (ansiedade e medo) que causam um prejuízo severo no funcionamento psicossocial do indivíduo.

As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens que invadem a nossa mente de forma recorrente e persistente, que são experimentados como intrusivos e inapropriados, que causam ansiedade e mal-estar intensos. As compulsões tendem a acompanhar as obsessões, a pessoa sente-se compelida a executar comportamentos repetitivos (lavagem das mãos, ordenações, verificações) ou atos mentais (rezar, contar, repetir palavras mentalmente) com o objetivo de evitar ou reduzir o mal-estar ou prevenir situações temidas.

Para que seja diagnosticada a perturbação, estes sintomas para além de provocarem um forte mal-estar, consomem muito tempo ao indivíduo (mais de uma hora por dia) e/ou interferem significativamente com as rotinas normais da pessoa, funcionamento ocupacional ou académico, e até mesmo nos relacionamentos.

Relativamente ao tratamento, a terapia cognitivo-comportamental, irá ajudar o indivíduo a reduzir e até eliminar os sintomas por completo.

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