VERA PINTO |
Quem esteve atento à minha crónica anterior sobre a importância da água, ao ler a crónica desta semana deve estar a pensar “ela anda metida na bebida?”. Esta foi a forma engraçada que encontrei para dar introdução a este tema. Os malefícios dos refrigerantes estão mais que esclarecidos, desde conduzirem ou agravarem doenças como obesidade, osteoporose, diabetes e problemas cardiovasculares, passando pelas cáries ou mesmo insónias a pessoas susceptíveis, até às recentes associações a casos de infertilidade que têm sido descritos. Aspectos que toda a gente tem consciência, mas que são esmagados pelas engraçadas e muitas vezes manipuladoras publicidades que quase nos massacram diariamente, ou dissimulados pela nossa consciência que teima em erradamente convencer-nos “é só desta vez”. O meu objectivo nesta crónica não é, de todo, fazer qualquer tipo de propaganda, mas sim ensinar a “dosear” estas bebidas. Não posso falar de refrigerantes sem me recordar de uma história que acho muito interessante. Não apenas por se tratar de uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo, mas por ter sido uma descoberta farmacêutica criada inicialmente com fins medicinais. Estou a falar da famosa bebida conhecida em todo o mundo, a Coca-Cola. Em Maio de 1886 John Stith Pemberton, um farmacêutico de Atlanta, nos Estados Unidos preparara um xarope de folhas de coca e extracto de noz de cola, que os escravos vindos de África usavam como antídoto para a ressaca e para o cansaço. Contudo, nesta preparação havia um problema. A combinação dos produtos criava uma bebida de gosto amargo. Por isso, durante longos meses, Pemberton foi misturando vários ingredientes, até finalmente conseguir obter um xarope escuro e de sabor doce. Inicialmente este preparado começou a ser vendido na sua própria farmácia, como um fármaco para as náuseas. Mais tarde decidiu adicionar a esse xarope, água com gás e conseguir expandir a sua distribuição. Frank Robinson, colega do farmacêutico, baptizou o produto de Coca-Cola. Desenhado em letras onduladas, o nome Coca-Cola passaria a ser uma das marcas mais famosas do mundo. À semelhança de um fármaco a Coca-Cola apresenta vantagens e desvantagens. Quando ingerida em grandes quantidades e com uma relativa regularidade, tal como outros refrigerantes, a Coca-Cola faz mal à saúde pois os seus componentes enfraquecem os ossos, cabelos, unhas e dentes. Além disso, tem muito açúcar na sua composição, o que facilita o aumento de peso e contribui para o aparecimento da diabetes. Contudo, do outro lado existem especialistas que defendem que não existem apenas coisas más a dizer sobre esta bebida. Alguns nutricionistas e profissionais do sector da saúde e bem estar afirmam que um dos benefícios de beber Coca-Cola é o facto dela conter cafeína, um estimulante natural encontrado na noz de cola, café, feijão e folhas de chá. A cafeína permite que se sinta menos cansado e pode aumentar o desempenho quando faz determinadas tarefas. Aliás, a Food and Drug Administration dos EUA (FDA), reconheceu a cafeína como um aditivo que é geralmente reconhecido como seguro, desde o final dos anos 1950. Cada um “puxa a brasa à sua sardinha”. E agora em que ficamos? Quem tem razão? A resposta é simples, mas não é fácil de colocar em prática. Tal como tudo deve ser consumido na dose certa. E perguntam vocês:”qual é a medida certa?” Cada indivíduo deve conhecer-se a si mesmo e ter noção das suas singularidades, das doenças que tem o que lhe provoca mau estar, ou pelo contrario o que lhe faz bem. De uma forma geral, os refrigerantes devem ser reservados para ocasiões especiais, mas só cada um poderá estabelecer a sua própria posologia.
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