quarta-feira, 12 de julho de 2017

A CIMEIRA DE HAMBURGO DO G20

RUI SANTOS
O G20 é composto pelos 19 países com as maiores economias do mundo, juntamente com a União Europeia. Os seus membros representam mais de 80% do produto interno bruto (PIB), 75% do comércio internacional é efectuado entre os membros deste fórum, e a sua população é praticamente dois terços da população da Terra. O seu objectivo era desenvolver a cooperação económica e financeira, mas actualmente, os temas abordados nas reuniões anuais (excepcionalmente ocorreram duas nos anos 2009 e 2010) vão muito para lá da temática económica.

Este ano, a reunião do G20 decorreu na Alemanha e a cidade anfitriã foi Hamburgo. À margem do encontro entre chefes de Estado, verificaram-se, os já infelizmente habituais, desacatos nas ruas da cidade alemã. De acordo com a BBC, 100 mil pessoas protestaram nas ruas e menos de 10% delas participaram em actos violentos. Os protestos mais intensos foram contra as alterações climáticas e as mudanças no comércio mundial.

Na cimeira do G7 realizada no passado mês de Maio, Angela Merkel afirmou que o Ocidente já não podia contar mais com os Estados Unidos da América (EUA) e a reunião do G20 no passado fim-de-semana confirmou isso mesmo. O facto de Donald Trump ter confirmado que os EUA não iriam cumprir o Acordo de Paris respeitante ao clima foi a gota de água para a separação entre o Ocidente e Trump. Aliás, não foi só relativamente aos outros membros ocidentais do G20 que os EUA se opuseram nessa questão, mas sim a todos os membros do G20. Não obstante a dissonância face ao resto do Ocidente, o presidente norte-americano referiu-se a si, na visita que fez à Polónia antecedendo a cimeira de Hamburgo, como o defensor da «civilização ocidental».

Após a cimeira de decorrida nos passados dias 7 e 8 de Julho, importa reter quais as conclusões tiradas pelo G20:

1 – Rejeição do proteccionismo económico mas as relações comerciais têm que ser benéficas para todos os intervenientes; os países podem adoptar medidas para proteger os seus trabalhadores e indústrias.

2 – No que respeita às questões energéticas e climáticas, o G20 declarou que o Acordo de Paris é irreversível. Contudo, os membros do G20 tomaram nota da decisão dos EUA de se retirar do Acordo de Paris.

3 – Adopção de um plano de acção para reforçar a cooperação na luta contra o terrorismo e combater o fenómeno dos combatentes terroristas estrangeiros.

4 – Relativamente à crise da migração e dos refugiados, os membros do G20 concordaram em intensificar a coordenação e actuar contra os passadores e os traficantes de seres humanos, assim como combater as causas profundas da migração e prestar apoio aos países de origem e de trânsito.

5 – Necessidade de melhorar a ajuda prestada às pessoas para que elas tirem maior partido das oportunidades e dos benefícios da globalização económica.

6 – Os membros do G20 comprometeram-se a incrementar a cooperação internacional em matéria fiscal e a transparência financeira, assim como resolver a problemática do excesso de capacidade siderúrgica.

7 – Fomentar o crescimento e o emprego no em África, nomeadamente com iniciativas para empregar jovens nas zonas rurais e que se estima criarem 1,1 milhões de novos postos de trabalho até 2022.

8 – O G20 salientou a importância de se aproveitar as oportunidades oferecidas pela digitalização para alcançar um crescimento inclusivo e sustentável.

9 – Os diversos membros do G20 concordaram na necessidade de serem criadas e implementadas novas medidas para alcançar a igualdade entre os géneros.

10 – O G20 destacou a importância da cooperação internacional em matéria de saúde, nomeadamente para melhor combater a resistência aos agentes antimicrobianos

Paralelamente às conclusões da cimeira de Hamburgo, deve-se destacar a assinatura de um importante acordo comercial entre a União Europeia e o Japão, o abandono dos EUA do Acordo de Associação Transpacífico e a vontade dos mesmos EUA se retirarem da NAFTA e o acordo entre a Rússia e os EUA para um cessar-fogo na região sudoeste da Síria.

O G20 volta a reunir-se em 2018 na capital da Argentina, Buenos Aires.

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