ARMANDO FERREIRA DE SOUSA |
Entre tanto crime mediatizado, entre histórias criminais que vender jornais e noticiários televisivos, casos como terrorismo, crime económico-financeiro, corrupção e outros, outro tipo de criminalidade acaba por se manter confortavelmente esquecida. Confortavelmente pois o confronto diário com certa monstruosidade do ser humano. Infelizmente tão disseminada, não se torna fácil ou sequer confortável de atender.
Crimes como a violência doméstica, que anualmente conta com mais vitimas mortais na Europa do que a soma de todos os atentados terroristas no mesmo período, é uma realidade fácil de esquecer e até considerar com alguma normalidade. Afinal ao invés de intervir ou denunciar é-nos francamente mais confortável olhar para outro lado.
Mas outro tipo de criminalidade, também ela confortavelmente “esquecida” (felizmente que não pelas autoridades policiais), vem a aumentar exponencialmente, aqui também ajudada pelas tecnologias informáticas, de comunicação eletrónica e de anonimização digital.
Falamos aqui da exploração sexual infantil, hoje, mais que nunca, potenciada pelo mercado de pornografia infantil, cujos conteúdos são partilhados de forma anónima na Internet.
Por trás de cada um dos filmes partilhados, existe, algures no mundo, uma ou mais crianças abusadas e exploradas, cujos investigadores daquele tipo de crime desesperam por identificar, nem sempre com sucesso.
E, da resiliência desses investigadores, que não se dão por vencidos, surgiu, no seio da Europol. o projeto “Save a Child – Trace na Object”, em Português “Salve uma criança – detecte/identifique um objecto”.
Trata-se de um projeto que passou uma fase experimental e que, durante essa mesma fase, limitada a pessoal interno da Europol, já permitiu a identificação e proteção de seis vítimas menores e a acusação do respetivo ofensor.
Após a fase experimental, a Europol passou assim a solicitar a colaboração da população em geral, a coberto de total confidencialidade, por forma a que possam identificar objetos encontrados em material ilícito, fotográfico e cinematográfico, sendo que nenhum utilizados será exposto a qualquer imagem com conteúdo explicito ou passível de identificar a criança ou crianças abusadas.
São projetos como este que nos responsabilizam enquanto cidadãos globais e que, ainda que por uma ocasião que seja, nos pode permitir participar na libertação de uma criança abusada.
O meu contributo passa agora por pedir a ajuda dos meus leitores, nomeadamente levando-os a consultar e a colaborar com o projeto “Save a Child – Trace na Object”, disponível em:
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