ANTONIETA DIAS |
As fraturas de stress, também designadas por fraturas
de fadiga, são típicas da prática desportiva e surgem devido à existência de
uma sobrecarga mecânica de forma cíclica e repetida sobre um osso, levando a um
desequilíbrio entre os fenómenos de reabsorção e neoformação óssea.
As fraturas de fadiga resultam de
uma carga repetida durante muito tempo. Os atletas expostos a este tipo de
fratura são os corredores de grande fundo, os desportistas mal preparados e os
que treinam muitas horas.
Os locais mais frequentes deste
tipo de fraturas, são sobretudo as extremidades inferiores, nomeadamente os
ossos metatarsianos, o calcâneo e os escafóides.
As fraturas são de difícil
diagnóstico, pois em 50% dos casos os exames radiográficos são negativos, no
início, sendo muitas vezes necessário repetir a radiografia duas a três semanas
após a lesão, podendo mesmo ter de recorrer à exploração da fratura, com a
utilização de marcadores de radioisótopos (cintigrafia óssea). A ressonância
magnética faz-nos o diagnóstico logo de início, na maior parte das vezes.
A fratura de stress-descrita pela primeira vez por Breidhaup (1855), surge quando há uma sobrecarga mecânica ou uma
hiperatividade funcional, que leva a uma modificação localizada da estrutura
óssea.
As fraturas de stress surgem sempre na ausência de
traumatismo, corticoterapia ou raquitismo. A predisposição varia com a
modalidade praticada.
Uma fratura de stress (origina uma dor inespecífica com
o exercício físico intenso). Quando a fratura de stress surge num osso longo carateriza-se pelo aparecimento de uma
imagem fissural linear, enquanto se for num osso curto, já nos mostra uma forma
esclerótica, com zonas de ósteo - condensação transversal, parcial ou total.
O tratamento pode ser conservador
passando pelo repouso absoluto durante 15 dias nas formas benignas podendo ir
até dois meses nas formas mais rebeldes necessitando de imobilização com
ligaduras ou gesso. Só se intervém cirurgicamente, quando as fraturas são
transversais no colo do fémur, fazendo-se a osteossíntese quando a fratura é completa.
O tempo de inatividade pode ir de
6 a 8 semanas
As fraturas de fadiga da bacia
representam 1 a 3% do conjunto das fraturas de stress (J.Jan, A Mégret, P.Rochconcar, J. Traumatolog. Sport, 16,
131-136). Segundo os mesmos autores as fraturas de fadiga do sacro são raras e
só foram descritas muito recentemente.
Nas crianças as fraturas são de
fácil consolidação. Estas fraturas nas crianças diferem das do adulto, devido
aos ossos serem mais elásticos, mais flexíveis, deformando-se antes de romper,
sendo frequentes e típicas as fraturas em ramo verde (fratura incompleta ou
angulada). Podemos encontrar fraturas diafisárias (fraturas obliquas ou
longitudinais), provocadas pelo desporto, mas são relativamente raras,
representam 7 a 8% de todas as fraturas. O antebraço e a perna são os segmentos
mais lesionados.”
Na criança e no adolescente o
tempo de cura das fraturas é mais curto devido ao fato de terem uma melhor
irrigação sanguínea do esqueleto.
Se fizermos um controlo
radiográfico numa pessoa em crescimento, 18 meses apos o acidente, praticamente
não encontramos nenhum sinal de fratura, enquanto que no indivíduo adulto já
observamos alterações ósseas (calo ósseo).
As fraturas por arrancamento
podem ser mais graves que uma rotura muscular ou tendinosa. Deve-se fazer o
diagnóstico diferencial entre fraturas por arrancamento e roturas musculares,
podendo as primeiras originar um tempo de inatividade de 6 meses, qualquer que
seja o tratamento utilizado. O seu diagnóstico deve ser feito o mais
precocemente possível, para instituir o tratamento rapidamente. Se uma lesão
destas é negligenciada pode provocar uma dor crónica, com deterioração da
função articular e instabilidade ou uma diminuição da mobilidade por sequela. O
exame radiográfico deve ser sempre efetuado em todas os acidentados que
apresentam dor, tumefação ou hematoma.
As lesões dos membros superiores,
localizam-se preferencialmente: ao nível
dos dedos, devido à existência de um grande números de desportos que provoca um
traumatismo das mãos, podendo lesar os metacarpianos, falanges e carpo,
seguidas do cotovelo, do ombro, do antebraço e braço. As fraturas menos
frequentes são as do úmero.
Muitas destas fraturas são
fraturas de stress que não são
detetadas nas radiografias simples iniciais, havendo necessidade de recorrer a
outros meios de diagnóstico, como a gamagrafia e a ressonância magnética. O
tratamento das fraturas de stress implica
um repouso absoluto do atleta durante 15 dias, podendo ser prolongado para dois
meses nas formas mais rebeldes. A aplicação de pomadas anti-inflamatórias em
pensos oclusivos, crioterapia e cinesiterapia completam o tratamento.
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