JOÃO MARTINS |
Portugal sempre esteve destinado a não ser um País.
Encurralado desde a sua fundação entre potências muito mais fortes e um gigantesco oceano, seria quase impossível há 8-9 séculos atrás pensar que o nosso País seria (e se manteria) independente.
No entanto, contra todas as expectativas e previsões, conseguimos a nossa independência face a territórios donos de muito mais terra, gentes, economia e tecnologia.
A palavra que nos poderia definir poderia ser mesmo “encurralado”.
A alma lusa é como um instinto de sobrevivência de um animal qualquer que só tem duas opções – ou superar-se, ou morrer.
E foi assim que fomos a maior potência mundial, quando entre um reino poderosíssimo como o de Castela, só tivemos hipótese de sobreviver se nos arriscássemos no oceano. E com isso fomos donos de um dos maiores impérios da história.
Curioso como um beco sem saída foi a nossa salvação.
A verdade é que os portugueses têm uma alma caprichosa. Enquanto outros povos como os alemães evoluem regularmente e conseguem manter uma estabilidade de crescimento ao longo de um período de tempo, Portugal tem a tendência de se superar apenas quando não tem outra hipótese.
Essa alma caprichosa é também prova de um enorme orgulho nacional. Enquanto Países teoricamente mais fortes se baseiam na auto-estima dos seus povos, na confiança da sua tecnologia e na atitude de superioridade perante os outros, o instinto português é o mais forte – o da sobrevivência.
E nada supera um instinto de sobrevivência bem aguçado.
Viu-se isso na nossa fundação, nos descobrimentos, no reinado dos filipes, nas invasões francesas, no terramoto de 1755, na luta dos emigrantes, no 25 de abril e também obviamente nesta brilhante campanha da seleção nacional.
Se fôssemos favoritos, talvez não tivéssemos chegado tão longe.
Só em situações limite, em que tudo e todos nos criticam, gozam, riem é que o nosso instinto de sobrevivência vem ao de cima – e quando vem, ninguém o pára.
Portugal e as suas gentes são donos da mentalidade mais forte do mundo, porque quando nos colocam “entre a espada e a parede” nós curiosamente não morremos..
E só assim Portugal se cumpre – sobrevivendo.
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