quinta-feira, 7 de julho de 2016

A SELECÇÃO NACIONAL E OUTRAS QUESTÕES

PORTUGAL ESTÁ NA FINAL DE PARIS

CRÓNICA DE LUÍSA VAZ
Torna-se uma tarefa quase inglória escrever uma crónica num momento em que a Selecção portuguesa vence o apuramento face a Gales para a Final do Campeonato da Europa e a Torre Eiffel é mais uma vez pintada com as cores nacionais.

É um feito. Um grande feito. Passarmos a fase de grupos devido a uma nova regra que consagrava a passagem aos oitavos às terceiras melhores equipas, sendo que até aqui só tínhamos conseguido empates. Passamos nos penáltis e agora justamente vencemos e carimbamos o passaporte. Fernando Santos sempre afirmou que não vinha embora antes de dia 11. E não é que o senhor tinha razão? Portamo-nos bem, gostei de ver Cristiano lutar mas amei ver Nani marcar. Tive pena que o terceiro não fosse do Quarema mas a entrar a minuto e meio do fim temos que concordar que era extremamente difícil. Pode ser que consiga marcar na Final, ele e o puto Renato.

Posto isto e porque embora mova milhões, a economia não é só futebol, e isto já para não falar no caso do microfone e do seu “heróico” salvamento, falemos de coisas mais sérias.

Ao contrário da minha opinião na crónica anterior, o BREXIT ganhou e segundo as sondagens, porque a população mais idosa assim decidiu. Culpam o desemprego e os emigrantes mas os mais jovens que padecem directamente desse mal não se conformam. Exigem um segundo referendo. Mas a questão é que a democracia do Reino Unido é parlamentar e portanto cabe ao Parlamento ratificar, ou não o resultado e decidir em conformidade. Enquanto isso, para espanto de todos, o defensor do Não, que lançou toda esta polémica numa loucura eleitoralista, demite-se deixando para o seu sucessor a luta de dois anos de negociação da saída e o grande defensor do Sim, o vencedor, demite-se também. Em que ficamos, meus senhores? Churcill e Thatcher devem dar voltas nos túmulos neste momento. Então brincamos com coisas sérias, damos ao povo uma responsabilidade que constitucionalmente não lhe assiste, dividimos o Reino Unido porque a Irlanda e a Escócia não querem sair da União e afinal nada é vinculativo nem imediato e os “cabeças de cartaz” Farange e Cameron, demitem-se sem mais? Mas então o que esperavam? Quem lutou pelo Sim queria perder e quem lutou pelo Não queria ganhar? E as responsabilidades da moeda, dos juros, dos mercados, dos jovens, das oportunidades? Ficam para os próximos resolverem ou vamos negociar as Opts?

Quando aderiu à União, o Reino Unido usou a figura do opt out, ou seja, ficar de fora de tudo aquilo que considerasse podia lesar os seus interesses nacionais, o que já me parece um pressuposto muito pouco solidário. Mas agora estão as opt in em cima da mesa. E o que são? As opt in são as opções que o Reino Unido tem de aderir só ao que lhe é benéfico ou menos prejudicial. Em que ficamos? Cada um escolhe o que lhe dá mais jeito? Andamos a brincar às uniões ou só nos unimos até onde o nosso interesse particular não sai beliscado?

Não estaria na altura de definir um rumo para a Europa? Não deveria o BREXIT fazer-nos parar para pensar? Não seria lógico que as cabeças pensantes europeias estivessem a tentar perceber como isto acontece com tamanha facilidade e quais as repercussões que pode ter a breve trecho?

Ou será que lá como cá anda tudo a tentar tirar dividendos da bola? Cá os juros também sobem, temos o problema da CGD e outros mas o que importa é que Portugal ganhe o Euro. Se ganhar, Ronaldo é Deus. Se não ganhar será semi- Deus mas nós continuamos tranquilamente em passos de gigante a caminhar para a 4ª bancarrota mas isso não parece importar a ninguém…Hajam churrascos, cerveja e sangria e alto se canta o Hino.

Esperemos por dia 12 porque dia 11 ou somos campeões e no dia 12 é feriado nacional ou perdemos e vamos lamentar-nos até às férias…

No entanto, Boa sorte Selecção! Vamos a eles mesmo que neste momento ainda não se saiba quem é o adversário.

Viva Portugal! 

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