sexta-feira, 8 de julho de 2016

MENINOS E MENINAS DE NINGUÉM

MANUEL DAMAS
Quantos serão os pequenos-grandes Guerreiros deste Mundo?

Falo dos Meninos-Adultos, dos Filhos e Filhas de Ninguém, de todos os não queridos, porque não amados, já que aceitável seria que, pelo menos, tivessem sido mal amados.

Quantos serão, por este Mundo fora, os Meninos e Meninas de Ninguém, filhos e filhas desta Modernidade baça, plástica e sem dó?

Quantas serão as Crianças que, fruto de um curto momento de prazer insano, muitas vezes custeado por notas e moedas rapidamente trocadas para um outro minuto esfusiante, alienador, agora químico, de prazer também, de ausência, de fuga para nenhures?

Crianças que o momento produziu, de forma descuidada e não desejada e que os geradores, não sabendo nem querendo, ser pais e mães, cuspiram para fora das suas vidas…são os Meninos e Meninas de Ninguém…que nem de si próprios.

Quantos serão, por este Mundo fora, os Meninos e Meninas de Ninguém?

Crianças que não tendo pedido para nascer, perante a existência que lhes foi imposta, foram brutalmente obrigadas a crescer, a aprender a esgravatar, a desconfiar de tudo e todos, para tão só e apenas conseguirem sobreviver, atirados precocemente para uma adultícia agreste e solitária.

Quantos serão, por este Mundo fora, os Meninos e Meninas de Ninguém a quem foi roubado, à nascença, o direito a sonhar, a desejar e a ter…uma existência normal?

Quantos serão, por este Mundo fora, os Meninos e Meninas de Ninguém que, em vez de um pequeno peluche tiveram tão só e apenas direito a uma caixa de cartão, amarrotada, suja, usada por outrem…caixa de cartão essa que serviu de manta, de abraço, de limpa lágrimas, de companhia na solidão da noite escura e fria, de casa e, um qualquer dia, servirá para receber a primeira seringa que, com garrote, os transportará até ao sonho nunca alcançado, abrindo-lhes a porta para a fuga à realidade.

Quantos serão, por este Mundo fora, os Meninos e Meninas de Ninguém que nunca tiveram direito a um Papá ou a uma Mamã?

Quantos serão, por este Mundo fora, os Meninos e Meninas de Ninguém que nunca tiveram direito a ouvir o seu nome ser sussurrado com carinho e amor?

Quantos serão por este Mundo fora, os Meninos e Meninas de Ninguém que nunca tiveram direito a um sorriso de carinho, a uma meiguice, a um abraço, a uma voz com ternura?

Quantos serão por este Mundo fora, os Meninos e Meninas de Ninguém?...

Pensem nisso…

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