quinta-feira, 20 de abril de 2017

O MELHOR É VACINAR

MARIA AMORIM
Cada vez me intriga mais a epoca em que vivemos, porque se por um lado somos bombardeados de informação,e aparentemente, as pessoas conseguem saber tudo com um simples clic no computador ou um dedilhar nos tablets e smartfones, por outro lado todos os dias surgem noticias surpreendentes, resultantes de algumas tragédias devidas à ignorância ou à negligência, que poderiam ser evitadas. Que podemos dizer de pais que não vacinam os filhos? Ou são ignorantes ou são negligentes. Não se pode de todo desculpar o que não é desculpável. A vacinação surgiu precisamente para evitar grandes tragédias, resultante do trabalho árduo de quem procurou não só curar certas doenças fatais, ou então que provocavam sequelas para o resto da vida, mas também, sobretudo, PREVENIR o seu aparecimento. As doenças para as quais existe a vacinação desapareceram da vista das pessoas, precisamente porque as vacinas fizeram o seu trabalho, como as pessoas deixaram de as ver, também deixaram de ver como podem ser graves as suas consequências, o que pode levar a uma menor consciencialização da importância da vacinação.

A vacinação existe precisamente para prevenir doenças fatais, consistindo em imunizar uma pessoa, administrando-lhe uma vacina que vai estimular o seu sistema imunitário, dotando-a de defesas para uma determinada infeção ou doença. A OMS ( organização mundial da saude) ressalta que a vacinação permite combater e eliminar doenças potencialmente mortais, estimando que desta forma se evitam mais de 2 a 3 milhões de óbitos e que é um dos investimentos mais rentáveis em termos de saude. Existem estratégias para tornar a vacinação acessível mesmo às populações mais isoladas e vulneráveis, com o objetivo de erradicar certas doenças. Existe em portugal um plano nacional de vacinação que, na minha opinião deveria ser obrigatório. Não sendo obrigatório, leva a que alguns pais, por ignorância, ou por medo, resolvam não o seguir. Esta atitude não é exclusiva de pais portugueses, tem vindo a acontecer noutros paises, levando a que algumas doenças estejam a reaparecer com alguma frequência. Evidentemente que não quero com isto dizer que os pais não querem o melhor para os filhos, e que ao não vacina-los queiram o seu prejuizo, quero dizer que a maioria das vezes a decisão de não vacinar se deve ao medo de que a vacina vá ser prejudial, ou à ignorância sobre a importância da vacinação. Mas, as consequência da não vacinação são sempre mais prejudiciais, no caso de surgir a doença, do que os seus efeitos secundários. 

Segundo a OMS, exstem algumas ideias falsas que precisam de ser corrigidas, e são:

- a melhoria da higiene e do saneamento farão desaparecer as doenças-FALSO

As doenças contra as quais podemos ser vacinados vão reaparecer se se puser fim aos programas de vacinação. Mesmo com a melhoria das condições de higiene, algumas doenças continuam a propagar-se, e, se as pessoas não forem vacinadas, doenças que já são raras, tais como a poliomielite e o sarampo, vão reaparecer rapidamente

- as vacinas têm efeitos secundários nocivos, a longo prazo, que ainda não são conhecidos, sendo que a vacinação pode mesmo ser mortal- FALSO

As vacinas são seguras, sendo a maioria das reações menores e passageiras. O risco que se corre ao não vacinar-se é muito superior ao que se corre ao ser-se vacinado. E, se é verdade que um só caso de morte devido a uma vacina é sempre um caso a mais, não é menos verdade que as vantagens da vacinação ultrapassam largamente os riscos, e, sem as vacinas muitos mais danos e mortes seriam de lamentar.

- A vacinação combinada contra a difteria, o tetano e a coqueluche e a vacinação contra a poliomielite são responsáveis pelo sindrome da morte súbita do lactente- FALSO

Não existe relação causal entre estas vacinas e a morte súbita da criança. Todavia, estas vacinas são administradas numa idade em que os bebés são atingidos por este sindrome. É importante não esquecer que estas quatro doenças são potencialmente mortais e que as crianças que não forem protegidas contra elas pela vacinação correm risco de morte ou incapacidade grave. 

- As doenças evitáveis pela vacinação estão quase erradicadas do meu pais, pelo que não existe razão para ser vacinado- FALSO

Mesmo que as doenças evitáveis pela vacinação se teham tornado raras em muitos paises, os agentes infeciosos que as provocam continuam a circular em algumas partes do mundo. No mundo de hoje, altamente interdependente, estes agentes podem passar fronteiras e infetar quem não estiver protegido. Veja-se os casos de sarampo que têm atingido a europa, o último dos quais provocou uma morte em Portugal. 

- Dar a uma criança mais de uma vacina de cada vez pode aumentar o risco de efeitos secundários nefastos e sobrecarregar o seu sistema imunitário -FALSO

Dados cientificos comprovam que a administração de várias vacinas ao mesmo tempo não tem nenhum efeito nefasto para o sistema imunitário da criança

- Mais vale imunizar-se pela doença do que pela vacina – FALSO

A vacina age sobre o sistema imunitário provocando uma resposta imunitária parecida com a que é provocada pela infeção natural, mas não provoca a doença e não faz correr o risco à pessoa imunizada de eventuais complicações.

- As vacinas contêm mercúrio, que é uma substância perigosa- FALSO

O timerosal é um composto orgânico que contem mercúrio e é adicionado a certas vacinas como conservante, mas não existe nenhum dado probatório atestando que a quantidade de timerosal utilizada é prejudicial ou causa algum risco para a saúde.

- O autismo é provocado pelas vacinas- FALSO

Existe um estudo de 1998 sugerindo a possibilidade de ligação entre certas vacinas e o autismo, a revista que o publicou retirou-o posteriormente por se ter provado que não tinha fundamentação e foi manipulado. Até hoje, nunca se conseguiu estabelecer correlação entre as vacinas e autismo.

A OMS preconiza e defende a vacinação em todos os cantos do mundo, cada pais cumpre a sua parte, recomendando a vacinação e estabelecendo um plano de vacinação que deve ser seguido por todos os pais ou por todas as pessoas. O nosso plano de vacinação pode ser consultado no site da DGS.

O papel mais importante cabe a cada pessoa, sendo que é muito importante saber o que cada um pode fazer. Cada pessoa funciona como um reservatório de doenças, pois os agentes infeciosos atacam constantemente, o seu sistema imunitário é que a proteje, e a vacinação é fundamental para a defesa de certas doenças. As principais razões para se vacinar são por um lado proteger-se a si próprio, mas por outro lado proteger as outras pessoas. O sucesso de um programa de vacinação depende da cooperação de cada um para assegurar o bem estar de todos. A responsabilidade de cada um torna-se a mais valia essencial para esse bem estar.

Um filho não é propriedade dos seus pais, foi-lhes confiado para amar e cuidar, e cuidar pressupõe responsabilidade, procurando fazer o melhor por ele, e neste caso concreto O MELHOR É VACINAR.

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