ANTONIETA DIAS |
A obesidade resulta de uma acumulação de gordura em excesso no organismo.
Em Portugal mais de 50% das pessoas têm excesso de peso e cerca de 14% da população portuguesa sofre de obesidade mórbida que não para de crescer.
Estes números representam um investimento de cerca de 4% das despesas totais nos gastos da saúde para tratar os obesos.
A obesidade é o problema número um da saúde pública de Século XXI em Portugal e em todo o mundo desenvolvido.
Lamentavelmente no nosso País não existe cultura, nem sensibilidade suficiente para a resolução deste grave problema de saúde pública, tendo em conta que as administrações hospitalares pouco ou nada têm feito para diminuir a lista de espera da resolução destes doentes que precisam urgentemente de correção cirúrgica, sendo que, nalguns casos a lista de espera atinge os quatro anos ou mais, colocando em risco a vida dos pacientes que sofrem desta patologia.
Os dados mais recentes revelam que há 1.700 milhões de obesos no mundo, dos quais 213 milhões existem nos Estados Unidos, numa população de 300 milhões.
A má alimentação e o sedentarismo são os principais responsáveis pelo aparecimento desta doença.
Assim nas últimas três décadas a mudança dos estilos de vida, alteraram os hábitos das pessoas, em que assistimos a uma mudança radical que vai desde a simples ocupação dos tempos livres na infância em que o jogar à bola, correr, jogar a macaca, ir a pé para a escola, passou a ser uma quimera e foram substituídos, pela cadeira em frente do computador e da televisão.
Sendo a obesidade uma doença grave, habitualmente está acompanhada por outras co-morbilidades que vão contribuir para um aumento ainda maior do risco de vida e exigem uma intervenção terapêutica atempada e eficaz no tratamento desta patologia.
Assim, os problemas cardiovasculares, a hipertensão arterial, a diabetes, a insuficiência venosa crónica, a insuficiência respiratória (apneia do sono), as doenças metabólicas, as doenças osteoarticulares (dores e artroses), as doenças hepáticas (a gordura, deposita-se no fígado com 5 a 10% dos doentes a evoluir para a cirrose) são patologias muitas vezes associadas à obesidade, sendo por isso fatores de risco importantes responsáveis por uma diminuição da sobrevida dos pacientes.
Estima-se que em Portugal morrem dez pessoas por dia vítimas de carcinoma do cólon e do reto, sendo diagnosticados cerca de 5.000 casos novos por anos.
Importa, ainda referir que o cancro da mama, o cancro do útero e a trombose venosa profunda são mais frequentes nos obesos, aumentando só por si os fatores de risco responsáveis pela elevada mortalidade neste grupo de pacientes.
Todavia, acresce ainda que a autoestima, associada à conflitualidade das relações sociais, familiares, laborais e até sexuais, pode provocar distúrbios psicológicos, quando um obeso se vê confrontado com uma série de dificuldades geradas pela alteração da sua imagem corporal e da sua incapacidade na adaptabilidade a esta nova realidade.
É nosso dever incentivar para o cumprimento de certos cuidados, que são fundamentais para a obtenção de um peso ideal, proibindo alguns alimentos aos obesos, de entre os quais salientamos a exclusão de carnes gordas, fumados, açúcar, mel, marmelada, geleia, compotas, batatas fritas, aperitivos fritos, cremes e margarinas para barrar o pão, bolos, folhados, salgados, chocolates, rebuçados, pasteis, que devem ser imediatamente abolidos da alimentação destes doentes.
Porém, existem soluções para tornar a comida mais apetitosa, que passam pela utilização de certos temperos que são permitidos na alimentação dos obesos (coentros, orégãos, mostarda, sumo de limão, concentrado de tomate, alho, queijo magro em pó ou em fiapos).
Nos molhos para as saladas e sanduíches pode usar - se limão, iogurte magro batido com polpa de tomate, vinagre de vinho com cebola picada e salsa com ervas aromáticas, maioneses magra com polpa de tomate, destinadas a tornar os alimentos mais atrativos e saborosos.
Todavia, o sal deve ser utilizado na menor quantidade possível.
Para promover uma boa alimentação deve ser escolhidos sempre os alimentos com menor teor de gordura, beber pelo menos um litro e meio de água por dia, evitando águas gaseificadas, excluir de casa os alimentos desaconselhados, e dar preferência a alimentos saudáveis.
Recomenda-se também a ingestão de refeições intervaladas de três em três horas, aconselhando ao paciente que se não tiver fome não deve comer.
Praticar exercício físico de forma regular é fundamental para atingir estes objetivos.
Aconselhamos a usar sempre que possíveis as escadas em vez do elevador fazer caminhadas pelo menos trinta minutos por dia, sem parar ou então praticar exercício físico três vezes por semana, com períodos de tempo de trinta a quarenta e cinco minutos.
O paciente deve manter o peso recomendado, cujo índice de massa corporal será calculado com base no peso e na estatura.
Consideramos um índice de massa corporal normal (IMC) com valores de> 18.5 e <24.9.
Se o doente tem um IMC> 25.0 E <29, sofre de excesso de peso, sendo considerada obesidade grau I quando existe um IMC> 30.0 e <34.9, obesidade grau II com IMC> 35.0 e <39.9 e obesidade grau III (Mórbida) IMC> 40.
Considera-se uma pessoa magra quando o IMC é inferior a 18.5.
Como programas complementares destinados a aumentar a perda ponderal, deverá ser proposto ao obeso a realização de circuitos de manutenção com duração de sessenta minutos, pelo menos três vezes por semana.
Recomenda-se ginásio (cardiofitness), desde que não exista contra - indicação como uma excelente opção, cuja duração não deverá ser inferior a trinta minutos nem exceder os sessenta minutos, podem ainda ser usados os tapetes rolantes, a bicicleta, elípticas, pedaleira (step) e o remo.
A hidromassagem (5 programas pré-definidos), com duração de 15 a 20 minutos, com uma temperatura de 38º, está também indicado como um método complementar para a perda ponderal.
Resta ainda acrescentar que a vacuoterapia com duração de trinta minutos está indicada para o tratamento da celulite e gordura localizada.
Por fim um duche massagem (Vichy), com uma duração de quinze minutos a uma temperatura de 38º é mais uma medida eficaz no combate da obesidade.
Em suma, manter o peso ideal, é uma meta a atingir por todas as pessoas que desejam uma vida saudável, em que o investimento deve começar nas idades mais jovens, exigindo a implementação de medidas assertivas e rigorosas, para que o êxito terapêutico seja atingido.
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