MOREIRA DA SILVA |
Quando Nicolau Maquiavel, um estadista, historiador, diplomata, poeta e músico de origem florentina, escreveu em 1513 “O Príncipe”, provavelmente, nunca imaginou que viria a ser considerado, pelos críticos e historiadores, o fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo facto de ter escrito sobre o Estado e o governo, como realmente são e não como deveriam ser. Até foi criado o conceito de uma pessoa maquiavélica, criado a partir do seu nome, que significa aquela pessoa astuta, maldosa, que age sem escrúpulos, unicamente para atingir os seus fins.
Está provado que o pensamento de Maquiavel foi mal interpretado, como sintetiza a frase que ficou famosa, mas nunca foi escrita ou proferida por ele, que “os fins justificam os meios”. Na verdade, o que foi escrito por ele foi que “certos fins justificam certos meios”, como foi tratado no seu livro “O Príncipe”. E assim, se promoveu em seu nome, a política perpetuamente agressiva, a política como a arte do conflito. Erradamente!
Para Maquiavel, uma pessoa só faz o bem quando é forçada a isso, pois é essencialmente má e quer obter o máximo de proveitos a partir do menor esforço. O que ele pretendeu dizer com esta afirmação é que não se pode esperar o melhor das pessoas. Aliás, o que veio a afirmar mais tarde, em 1651, o matemático, filósofo e cientista político inglês, Thomas Hobbes, na sua obra “Leviatã”, para justificar as guerras desencadeadas pelas pessoas, que este autor considerava, naturalmente más.
A habilidade maquiavélica é considerada como a negação de toda a moral, mas infelizmente existem muitas pessoas com esta má-fé no mundo organizacional, mas essencialmente no mundo da política e na gestão da coisa pública, que deveria acarretar uma enorme responsabilidade acima do comum e uma dimensão ética superior. Estas pessoas nunca deveriam ser eleitas ou escolhidas para cargos públicos, pois são um atentado permanente à felicidade dos cidadãos.
A criatura maquiavélica, para além de ser traiçoeira é também uma viciada no sadomasoquismo, pois tem prazer em azucrinar os outros, tem imenso prazer em provocar o sofrimento nas outras pessoas. E procura incessantemente esta forma de vida, mesmo que para isso coloque na sua face o seu melhor sorriso falso e utilize, no seu quotidiano, a vestimenta das “falinhas mansas”, para melhor atrair os incautos que facilmente se deixam seduzir por semelhante falsidade.
Já é muito mau este tipo de criaturas na vida das pessoas, mas é muito mais perigoso quando se trata de pessoas que se propõem servir os seus semelhantes. É preciso muita atenção, pois a sua finalidade não é servir os outros, mas tão só servirem-se dos cargos para alimentarem a sua sede de desumanidade, de barbaridade, de crueldade. Enfim, de puro maquiavelismo!
As eleições são um palco privilegiado, para que a criatura maquiavélica saia do seu “casulo” e possa desfilar na “passerelle” da campanha eleitoral e apresentar um chorrilho de pérfidas propostas, como se fossem as melhores soluções para mudarem o futuro dos cidadãos. Simplesmente, com o intuito de fazerem com que as pessoas sejam ainda mais infelizes. Com a maior desfaçatez, mas também com a maior das hipocrisias!
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